Após a bem-sucedida temporada de estreia em junho, com direito a filas de espera e a espectadores desconsolados por não conseguirem um senha, a comédia fantasmagórica Campignólia retorna ao MIS Campinas, abrigado no Palácio dos Azulejos. Por sinal, o Barão Despenteado e a sua ‘família desajeitada’ contavam os segundos para um novo reencontro com o público campineiro. Com limite de 50 espectadores por apresentação, a montagem será encenada quinta-feira (30/7), às 20h; sexta-feira (31/7), às 20h e à 0h (meia-noite); e sábado (1º/8), às 20h. A entrada é franca.
“A temporada de estreia foi uma oportunidade única. Tivemos a sorte de personificar histórias de Campinas que ficaram encobertas pelo tempo e pela persistência rude do progresso. Foi a chance de perceber o quanto essa memória reverbera no olhar atento de nosso espectador e quão viva está no Palácio. As paredes de lá respiram sons e uivos frios, transpiram risos calorosos e comemorações festivas de personagens que o tempo não levou, pois seus desejos insistem em permanecer ali impregnados em cada cômodo. Sentimos grande satisfação em abrir essas portas e janelas do palacete ‘assombrado’ para convidar a comunidade a entrar e a descobrir com seus próprios olhos a vida que pulsa em nosso patrimônio”, destaca a atriz Joana Piza.
A cena será composta pelos artistas da Família Burg (Guga Burg Cacilhas, Ivens Burg Cacilhas e Joana Piza), da Dupla Companhia (Aline Olmos e Fernanda Jannuzzelli) e pelo músico Lucas Uriarte. Quem está à frente da direção é o aclamado Palhaço Tubinho, descendente de família tradicional de circo-teatro e referência no Brasil em tal estética teatral. Por sinal, o multiartista circense também assina a dramaturgia inédita de Campignólia. A montagem foi contemplada pela edição 2014 do FICC (Fundo de Investimentos Culturais de Campinas) na categoria Artes Cênicas.
A ocupação do prédio do MIS Campinas foi proposital. O despertar se deu quando Guga Cacilhas, um dos artistas envolvidos, assistiu a um espetáculo naquele local. Dito e feito: resolveu produzir algo novo, unindo na mesma partitura artística o cenário daquele espaço centenário, o percurso itinerante pelo prédio e a estética do circo-teatro. “Para nós, a ocupação do MIS Campinas contribui para que esse museu se torne cada vez mais conhecido e valorizado pelo público. A partir desse estímulo, conseguimos fazer algo original, trazendo a linguagem da encenação circense para um lugar que ela ainda não tinha visitado”, destaca Guga.
Apesar de ter escrito as peripécias do Barão Despenteado bastante influenciado por visitas ao Palácio dos Azulejos, bem como por uma pesquisa desenvolvida pelos atores a partir de figuras históricas e lendas campineiras, Tubinho soltou as rédeas da imaginação para recriar personagens e situações. Cômicas, na maioria das vezes. “Trata-se de um espetáculo que tem cenas de suspense, de terror e de drama, mas que estão exclusivamente a favor da graça, da comédia. Da mesma forma, há uma inspiração histórica da cidade, mas bem livre e com certa licença poética, até porque não procuramos contar as origens de Campinas ou ser didáticos”, descreve Pereira França Neto, o Palhaço Tubinho.
A fim de apaziguar a curiosidade da plateia, que ficará extasiada em adivinhar as verdades históricas e as recriações fantásticas das trupes, a atriz Joana Piza pontua referências importantes no texto. Detalhes sutis, faz questão de reforçar. “Por exemplo, há menção à filha albina do Barão Geraldo de Rezende, que não podia tomar sol por conta da pele; da tão conhecida Lenda do Boi Falô e, claro, da trajetória do Barão de Itatiba, que construiu e morou no Palácio dos Azulejos. Ali, ele promovia um evento chamado Copo de Água, momento em que recebia a população com uma farta mesa de doces”, destaca a atriz.