Campinas teve registrado o primeiro caso de Zika vírus autóctone, confirmaram nesta terça-feira, 2 de fevereiro, a Secretaria Municipal de Saúde e o Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O caso autóctone é aquele contraído na própria cidade. O fato aumenta a urgência de um grande esforço do poder público e comunidade para combater a proliferação do Aedes aegypti e confirma que a Região Metropolitana de Campinas (RMC) é estratégica para enfrentar o mosquito no Brasil, como tem ressaltado a Agência Social de Notícias.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a transmissão ocorreu por meio de uma transfusão de sangue. A vítima, um homem de 20 anos, doador de sangue, foi identificada por meio de rastreamento de bolsas de sangue no Hemocentro da Unicamp, depois que o receptor, um paciente politraumatizado, apresentou queda de plaquetas, que não era compatível com o seu quadro de saúde
A partir disso, foram analisadas 18 bolsas de sangue. Em uma delas o resultado foi positivo para zika vírus. O doador, que na época morava na região Sudoeste de Campinas, apresentou os sintomas três dias depois da doação, em abril de 2015. Na ocasião, foi tratado como dengue, devido à semelhança do sintomas. A Secretaria de Saúde de Campinas foi oficiada sobre o resultado em 28 de janeiro deste ano, pelo Instituto Adolfo Lutz.
“É importante dizer que as pessoas devem continuar doando sangue. A transfusão é segura”, declarou o secretário de Saúde Carmino Antonio de Souza. O diretor da Divisão de Hemoterapia do Hemocentro da Unicamp, Marcelo Addas Carvalho, explicou que a identificação só foi possível devido à boa qualidade do serviço. Ele destacou que os doadores que tiverem alguma alteração no quadro clínico devem entrar em contato com o Hemocentro. Desde o ano passado, 19 casos suspeitos de Zika vírus foram descartados pela Secretaria de Saúde de Campinas.
A Secretaria de Saúde afirmou ainda que Campinas teve 40 casos confirmados de dengue em janeiro de 2016. Até esta terça-feira, 2 de fevereiro, foram descartadas 130 suspeitas. Ainda há casos em investigação. Em janeiro de 2015 foram confirmados 1.462 casos de dengue.
Nesta segunda-feira, 1 de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou como emergência mundial o surto de zika vírus, que exige um esforço concentrado de toda a comunidade internacional. A decisão vai contribuir para a aceleração de pesquisas para combater o surto.
Com seus mais de 3 milhões de habitantes e um dos mais importantes polos viários do Brasil, e com milhares casos de dengue nos últimos anos, a RMC está sendo considerada pelas autoridades sanitárias como estratégica no combate à microcefalia, ao zika e demais vírus propagados pelo mosquito Aedes aegypti. O Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia foi apresentado na última segunda-feira, 25 de janeiro, na primeira reunião do ano do Conselho de Desenvolvimento da RMC.
O Plano Nacional foi exposto pelo secretário-chefe da Casa Militar de São Paulo e coordenador estadual da Defesa Civil, coronel PM José Roberto Rodrigues de Oliveira. Vários dados reforçam a urgência de uma ação intermunicipal de combate ao Aedes aegypti. Pelo segundo ano consecutivo, em 2015 Campinas esteve no topo de casos de dengue em cidades com mais de 1 milhão de moradores. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, Campinas teve a maior incidência de casos de dengue no grupo de cidades com população acima de 1 milhão de habitantes.