Contemplado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, por meio do Programa de Ação Cultural (PROAC – edital no. 21 de 2018 – Música Popular), o projeto autoral de Martina é quase catártico a medida que ela se liberta de rótulos sexistas e se reencontra como instrumentista e compositora. Com pitadas irônicas em algumas composições, ela critica o preconceito machista existente no meio musical que oprime as mulheres instrumentistas.
Ao cantar “Eu toco mal, eu cozinho mal/ Sou companhia indispensável de hospital” Martina vocaliza a fala de muitas mulheres que se identificam prontamente nos versos “ Eu toco mal, eu dirijo mal/Mas viajo sozinha para o litoral/ No carnaval ele não me quer/ Não dança com ninguém quem for sua mulher”.
Martina Marana iniciou sua carreira como instrumentista tocando violão e relata a opressão sofrida por mulheres a partir do universo machista no meio musical. “ Na adolescência, as bandas são formadas por meninos. Não há espaço para as garotas e isso persiste também na carreira, geralmente as mulheres acabam percorrendo uma trajetória como cantoras. A aceitação é melhor para a cantora do que para a instrumentalista. Eu me senti melhor aceita como cantora apesar de ser instrumentista muito antes de ser cantora. Comecei estudando e toco violão mas o machismo que existe no meio acaba nos oprimindo de uma tal forma que por muitas vezes até duvidei da minha capacidade em tocar ”, ela conta.
O álbum “ Eu toco mal” também possui composições extremamente poéticas e sensíveis que possuem arranjos belíssimos. A música que abre o disco – “ Ceguei”- o amor recebe versos como “ Deu nos jornais/ Que ele não me deixaria em paz /Não li, rasguei/ Então voltei atrás/ Brincou, sorriu de primeira /Atento à conversa inteira/ Ganhou a minha confiança/ Como num tiro certeiro /Mostrou-se um bom companheiro/ Fiquei”. Um samba que conta com o arranjo esmerado de Marcus Teixeira, guitarrista que possui participação em trabalhos premiados pelo Grammy.
O projeto musical da artista nasceu a partir do estímulo do pianista e arranjador Felipe Silveira quando ao ouvir algumas das composições de Martina disparou: “ Você tem que gravar”. A inquietação que nasceu a partir da provocação do Felipe gerou esse trabalho sensível e ao mesmo tempo forte, com arranjos impecáveis compondo um repertório engajado na cena contemporânea da nova MPB.
A combinação dos talentosos arranjos do álbum “ Eu toco mal” encontra fluidez no som da cantora, compositora e instrumentista. Martina traz a influência de músicos consagrados como Milton Nascimento, João Bosco, Joyce, Djavan, dentre outros e explora sua vertente jazzística e improvisacional, fruto de seu trabalho como pesquisadora em música na Unicamp.
A artista possui diversos shows agendados na turnê de lançamento do disco. Cidades do interior paulista como: Campinas, Jundiaí, Itatiba e Nova Odessa, foram escolhidas e o público dessas cidades poderão conferir o talento de Martina Marana que estará acompanhada dos músicos: Felipe Silveira (teclado), Marcus Teixeira (guitarra) Felipe Fidelis (contrabaixo), Celso de Almeida (bateria) e da musicista Gabriela Machado (flautas)
Martina Marana e os músicos do show
MARTINA MARANA (voz, violão e composições)
Mestra em Música pela Unicamp e formada em canto popular pelo Conservatório de Tatuí. Estuda música desde os 15 anos. Sua pesquisa de mestrado focou-se no scat singing do músico paulista Filó Machado. A improvisação vocal tem sido foco de exploração da cantora. Lançou em 2014 o trabalho “Correnteza de Ar” que encerrou o 9º. Festival Jazz a la Calle na cidade de Mercedes – Uruguai. Participou de diversas edições do Circuito Brasil Instrumental e em 2017 foi cantora convidada do jazz Combo de Ourinhos para interpretar canções de Moacir Santos, sob a regência de Paulo Flores.
FELIPE SILVEIRA (piano e arranjos)
Pianista e intérprete, professor, arranjador e compositor . Acompanhou intérpretes como Danilo Caymmi, Fátima Guedes, Dina Blade, Myrthes Aguiar, Claudio Nucci entre outros. Integra a banda de seu pai o violonista e intérprete João Alexandre tendo produzido o disco “Do outro lado do mar”. Gravou, em 2011, um cd com composições próprias voltadas para a vertente de canções brasileiras e participa de projetos de música instrumental, como Sidmar Vieira Quinteto, Sidiel Vieira Quinteto, Raphael Ferreira Quinteto, Celso de Almeida trio, Quinteto Cais, Cuca Teixeira Reunion e Michel Leme Quarteto.
CELSO DE ALMEIDA (bateria)
Baterista da cantora Rosa Passos, e integrante da consagrada Banda Mantiqueira, com quem gravou o cd “Com Alma”. Já acompanhou diversos artistas como: Gal Costa, Gilberto Gil, Dominguinhos, Ed Motta, Emílio Santiago, Edu Lobo, Jane Duboc, Nelson Ayres, Léo Galdemam, Pedro Mariano, Ney Matogrosso, entre outros. Em 2014 lançou um cd de samba jazz que leva seu nome: Celso de Almeida Trio. Gravou o cd “Time Out” da cantora e pianista Eliane Elias, vencedor do Grammy Latino de 2017. Apresentou-se no Blue Note de New York, Milão, Nagoya e Tóquio. Shows no Lincon Center em New York e participou da turnê do pianista Jesper Heedegard na Dinamarca.
MARCUS TEIXEIRA (guitarra)
Nascido no Rio de Janeiro é violonista, guitarrista e compositor. Estudou no curso de Jazz Ensemble no Conservatoire National de Region de Marseille. Integrou a banda de nomes da música brasileira entre eles: Flávio Venturini, Rosa Passos, Emílio Santiago, Elza Soares, Leny Andrade, Gal Costa. Também esteve no palco ao lado de músicos internacionais como Michel Legrand, Paquito D’Rivera, Maria Schneider e o grupo português Madredeus. Possui trabalhos premiados; cd e dvd da cantora Maria Rita (Grammy Latino, 2004) e os cd’s da cantora e pianista Eliane Elias – Made in Brasil, (Grammy 2016) e Dance of Time (Grammy 2017). Realizou apresentações em muitos países da Europa, no Japão, México e EUA em casas de shows como a Blue Note de Tókio e Osaka
FELIPE FIDELIS (contrabaixo)
Felipe Fidelis estudou contrabaixo no conservatório de Tatuí. Tocou ao lado de Taylor Mcferrin, de Thiago Pinheiro, Derico Sciotti, e com Ron Kenoly, um dos principais nomes da música gospel norte americana e Ronaldo Sá.
GABRIELA MACHADO (flautas)
Estudou na Fundação Artes de São Caetano do Sul e formou-se bacharel em Flauta pela Unesp. Ganhou o prêmio “Estímulo para Jovens Solistas” da Secretaria da Cultura de São Paulo.
Fez parte da Orquestra Juvenil do Estado de São Paulo, da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, da Orquestra Sinfônica de Santo André, da Orquestra Sinfônica de Santos e da Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão Cultura de São Paulo.
Participou também de grupos e rodas de choro. Foi integrante do grupo paulista de choro “Choronas”. Como integrante do grupo Choronas, lançou, em 2000, o CD “Atraente” e, em 2003, o CD “Choronas convida”.
Serviço
TURNÊ DE LANÇAMENTO “ EU TOCO MAL”
Martina Marana voz e violão , Felipe Silveira (teclado), Marcus Teixeira (guitarra e violão ) Felipe Fidelis (contrabaixo) , Celso de Almeida (bateria) e Gabriela Machado (flautas)
Dia: 26/07/2019