Por Adriano Rosa, texto e fotos
Fã de Gilberto Gil e de Chico César, Kizu Massai, 30, conseguiu fechar o trânsito numa das esquinas mais movimentadas do centro de Campinas nessa semana que passou. Músico, filho de pai angolano e mãe colombiana, Kizu anda pelo mundo montando sua marimba de chonta, feita de casca de palmeira e bambú, e tocando seu bumbo de couro pelas calçadas mais movimentadas da América do Sul e Europa. A marimba veio de Malanje, a cidade nativa do pai em Angola, que Kizu já visitou duas vezes.
Não foi diferente aqui em Campinas. Na esquina entre as ruas Barão de Jaguara e General Osório, Kizu mostrou sua arte musical durante sete dias e conquistou uma satisfatória quantidade de fãs e um bom dinheiro para depois daqui, seguir em sua viagem musical mundo afora.
Integrante do grupo Kafrika, com 15 integrantes, com origem na Colômbia, Kizu Massai está há oito anos no Brasil, depois de passar por diversos países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela; e alguns países da Europa, entre eles, Itália e Espanha. Antes de montar seu palco nas ruas de Campinas, Kizu e o grupo Kafrika mostraram sua arte em Fortaleza , Rio de Janeiro e São Paulo, com ligeiras idas até a Colômbia para gravar seu primeiro CD.
Com dois anos de vida, em 2013 o grupo Kafrica lançou seu primeiro CD com músicas autorais, a maioria de Kizu, com temas instrumentais e canções próprias, sempre fazendo referências à história e as suas raízes africanas, pois sua cidade natal colombiana, Tumaco, tem influências diretas de descendentes vindos de Angola.
Viajando de ônibus, caminhão ou de barco, Kizu e seus companheiros de estrada percorreram quilômetros incalculáveis nesses oitos anos pelo mundo, entre as cordilheiras, a floresta amazônica e algumas capitais, e até de carona o grupo tentou chegar aos lugares mais longínquos e mostrar sua arte, através da dança, do teatro e da música.
Entre as coisas positivas dessa turnê sem destino, Kizu diz que um dos propósitos de tentar tocar nas ruas das cidades, além de ganhar alguns trocados para a sobrevivência da trupe, “é de transmitir uma mensagem universal e de esperança através da música”, muitas vezes não entendida em muitos lugares por onde passam.
Perguntado por uma nova fã campineira, se já foram proibidos de se apresentar em algum desses lugares por onde já passaram, Kizu disse que já tiveram momentos tensos, mas que no Brasil as pessoas são mais livres e que entre vários elogios, sempre tem um fiscal de alguma prefeitura querendo proibi-los de tocar nas calçadas. Como foi o caso aqui em Campinas. Depois de orientado pelos fiscais de uso de solo da prefeitura municipal, Kizu seguiu seu caminho, quem sabe para outro canto do mundo para mostrar sua música universal, nem sempre entendida entre uma buzina e um escapamento barulhento. Campinas precisa estar melhor preparada para a sua posição de cidade cada vez mais internacional.