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Histórias da feira de artesanato do Centro de Convivência em Campinas – IV
Lili do Forró, alegria e amor à arte na feira do Centro de Convivência (Fotos José Pedro Martins)

Histórias da feira de artesanato do Centro de Convivência em Campinas – IV

A alegria fez morada em uma das barracas da feira de artesanato do Centro de Convivência Cultural, no Cambuí, em Campinas. É a barraca da “Lili do Forró”, como é conhecida a, claro, nordestina Irami Fernandes Menezes. Simplesmente Lili, nascida em Natal (RN) mas há muito tempo em São Paulo, primeiro na capital e depois em Campinas. Desde 1999 ela está na feira, com suas roupas, seus chapéus e adereços absolutamente originais e coloridos. A energia da cultura popular do Nordeste, como mais um exemplo da diversidade da feira do Convivência. A aliança entre a moda e a criatividade.

A arte, a cultura, sempre presente. A casa da família fica a poucos metros de onde morava Luís da Câmara Cascudo, o maior folclorista brasileiro. A avó, Ironilde, 96 anos, é artista plástica e também folclorista, sempre lidando com o Bumba Meu Boi e outros ícones nordestinos.

Família grande, Lili teve muitos irmãos, 17, nove ainda vivos. Um antepassado, Gregório, segundo ela, foi escravo. A luta sempre presente. Lili aprendeu a costurar, com pouco mais de 10 anos, fazendo mortalhas de bebês, atividade muito comum entre costureiras no Nordeste durante longo tempo, que se espera próximo do fim.

As cores do Nordeste nas peças criadas por Lili

As cores do Nordeste nas peças criadas por Lili

Lili deixou Natal à busca de um tratamento de saúde em São Paulo. Trabalhou na Fundação Casa, onde conheceu situações e histórias de vida que nunca soube que pudessem existir, apesar do que já conhecia do Nordeste. Mas no meio da dor, a luz. Na Fundação Casa ela ficou ainda mais convicta do poder da arte, da cultura. “Fazíamos projetos culturais e os meninos adoravam”, conta.

Em função do tratamento, chegou ao hospital da Unicamp e a Campinas, onde fixou residência. Tem três filhos. A mais nova deles, Julia, herdou da mãe a alegria e a arte. Ela toca acordeom e violino e adora vestir as roupas que a mãe faz: vestidos, cangas, saias, saídas de praia. Sempre coloridas, únicas, como um calçado muito original, multicolorido.

Chapéus floridos, outro item do cardápio de Lili

Chapéus floridos, outro item do cardápio de Lili

Além das roupas, leves, alegres, Lili atua na área social. Ela é a designer do Coral Canarinhos da Terra, um coral-escola, com programas educacionais em canto e música, com foco em responsabilidade social, sendo ainda um ponto de cultura. Mas já trabalhou com outros grupos culturais de Campinas.

“Qualquer um pode fazer arte, ela transforma a vida das pessoas”, diz Lili. Ela mora em uma chácara nas proximidades de Viracopos, onde tem uma horta e a companhia de muitos amigos: passarinhos, sapos e outros. “É um pedaço do Paraíso na Terra”, ela define.

Também faz bonecas, objetos de casa. “Acabei de fazer uma cadeira que vira baú e tábua de passar”, revela. Lili é assim. Tem a força e a alegria do forró. Mais uma história de superação e resistência da feira de artesanato do Centro de Convivência em Campinas.

A violinista Julia e a mãe: música no sangue

A violinista Julia e a mãe: música no sangue

 

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