0 que poderia acontecer conosco naquele verão escaldante? Sabe-se lá! Iríamos pegar um trem em direção ao gelo! Caso o tempo ruim insistisse, iríamos pegar fogo? Simplesmente assim.
Se o tempo ficasse nem pra cá nem lá, e se eu estivesse coçando o saco naquele sábado à tarde, eu simplesmente decidiria que iria querer um café numa casa da região central, por exemplo. Só isso. Seria uma decisão sincera.
Pois bem, lá fui eu tomar café da região central. Estaria tudo de acordo com meu projeto se eu não desse de cara com um sujeito chato, chato de galocha, daqueles de pedir para o garçom um café em temperatura média, exatamente, nem muito quente em muito frio.
O nome dele era Álvaro, como se apresentou de cara, assim que chegou ao salão. “Álvaro com acento agudo no a”, frisou. Sentou-se, com o acento agudo pendurado no pescoço.
O acento agudo foi a dica. E ele abriu os braços e se apresentou como se fossemos amigos há mil anos. “A gente se conhece há um punhado de anos”, ressaltou, “embora isso esteja na cara. Nascemos um para o outro”.
A história de que nascemos um para o outro me deixou encafifado. Como assim nascemos um para o outro? Era um recado de irmãos. E veja lá! Olhei para o sujeito de forma incrédula.
Resolvi pensar. Eu me lembrei que cheguei ali para descansar a cabeça. Para esquecer a vida. E estava eu a responder a situações que não me interessavam. Paguei minha conta e resolvi partir.
– Espera aí. Você não vai pagar tudo?
Fingi que o papo não era comigo e fui embora.