O Brasil finalizou 2014 na liderança de municípios que aderiram à Campanha Mundial para Redução de Desastres “Construindo Cidades mais Resilientes” e o impulso fundamental para este feito foi dado pela Região Metropolitana de Campinas (RMC) e, em escala mais ampla, pela Região Administrativa de Campinas. A Campanha é uma iniciativa da Agência das Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres (UNISDR).
De acordo com o relatório anual da UNISDR, o Brasil terminou 2014 com 323 municípios aderindo à Campanha Mundial, seguido da Áustria (280), Líbano (256), Índia (133), Itália (130), Filipinas (115) e República da Coreia (110). Houve uma grande evolução nos últimos anos de municípios brasileiros aderindo à Campanha. Eram somente 6 em 2011, 17 em 2012, 140 em 2013 e 323 em 2014.
“Está havendo uma consciência cada vez maior por parte dos municípios de que eles precisam se preparar efetivamente para dar respostas imediatas e eficazes a questões como os impactos das mudanças climáticas”, afirma Sidnei Furtado Fernandes, o promotor da Campanha da UNISDR no Brasil. Fernandes é diretor da Defesa Civil de Campinas e também diretor regional.
O papel da RMC – A RMC foi a primeira região metropolitana do Brasil a ter todos os seus integrantes aderindo à Campanha Mundial. Em escala ampliada, 64 dos 90 municípios da Região Administrativa de Campinas também já aderiram, o que foi determinante para o avanço do Brasil, até a sua liderança no ranking global.
A diretora executiva da Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp), Ester Viana, nota que a atuação da Câmara Temática de Defesa Civil da RMC tem sido fundamental para a integração de ações e, neste sentido, foi decisiva para que todos os municípios aderissem à Campanha Mundial para Redução de Desastres. “A Câmara tem esse papel, de integração”, diz Ester. A própria Agemcamp contribuiu com a estruturação dos órgãos locais de Defesa Civil da RMC, com o apoio financeiro a projetos encaminhados pelos municípios.
Uma das medidas tomadas na Região Metropolitana de Campinas, decorrente da integração proporcionada pela Câmara Temática, foi a instalação de uma rede de estações meteorológicas em todos os 20 municípios, em parceria com o Instituto Agronômico (IAC).
O diretor Sidnei Fernandes nota que outras regiões do estado de São Paulo depois aderiram em massa, como a Região Metropolitana do Vale do Paraíba, Região Metropolitana da Baixada Santista e Aglomerados Urbanos de Jundiaí e Bragança Paulista. O estado de São Paulo, inclusive, encerrou 2014 como estado modelo pela UNISDR.
Da mesma forma, Campinas é município modelo no Brasil, ao lado de Belo Horizonte. “Isto porque esses municípios já atenderam a todos os indicadores estabelecidos pelas Nações Unidas”, nota Fernandes. Uma ação de destaque de Campinas, entre outras tomadas, assinala Sidnei, foi a remoção de milhares de moradores de áreas de risco, como os da rua Moscou, localizada no Parque São Quirino, ao lado do ribeirão Anhumas e que todo ano sofria com as enchentes nos períodos chuvosos.
Em 2005 foi estabelecido o Marco de Ação de Hyogo (Japão), pelo qual 168 países se comprometeram a adotar medidas para reduzir o risco de desastres até 2015. Neste ano será então realizada a Conferência Mundial de Redução de Desastres, entre 14 e 18 de março, em Sendai, no Japão. Será o momento de balanço do que já foi alcançado e de definição de novas medidas para avançar na redução de riscos de desastres em escala mundial, sob a bandeira do Desenvolvimento Sustentável, combate às Mudanças Climáticas e Resiliência. Sendai foi escolhida porque é uma das cidades japonesas mais atingidas pelo tsunami de março de 2011 e que já está praticamente reconstruída.
A construção de Cidades Resilientes envolve 10 providências obrigatórias e cinco delas estão relacionadas a pontos do Marco de Ação de Hyogo: Garantir que a redução do risco de desastres seja uma prioridade; Alerta precoce aos eventos extremos; Desenvolver a compreensão e conscientização; Compreender e reduzir os fatores de risco; e Fortalecer a efetividade da resposta.