A Sanasa, de Campinas, poderá gerenciar os reservatórios de Pedreira, no rio Jaguari, e Duas Pontes, no rio Camanducaia, projetadas, segundo o governo estadual, para aliviar a pressão sobre o Sistema Cantareira. Solicitação nesse sentido foi feita nesta quarta-feira, 4 de fevereiro, em São Paulo, pelo prefeito Jonas Donizette e o presidente da Sanasa, Arly de Lara Romeo, ao secretário estadual de Recursos Hídricos, Benedito Braga, e com o superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Ricardo Borsari. Campinas também quer gerenciar o sistema adutor que irá transportar as águas dos reservatórios para cidades da região. O governo do Estado ficou de estudar o assunto. O Cantareira está hoje com 5,2% da capacidade.
O plano de gestão dos dois reservatórios pela Sanasa será levado pelo prefeito de Campinas para discussão durante a próxima reunião do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas, marcada para depois do Carnaval. A construção das represas está estimada em R$ 760 milhões e o sistema adutor regional, em R$ 397 milhões.
“Estamos otimistas, pois tanto o secretário quanto o superintendente do DAEE concordaram e assumiram o compromisso de levar a negociação adiante. Transferir a gestão destas represas para a Sanasa só trará benefícios para toda a região”, defendeu o presidente Arly de Lara Romêo.
Durante o encontro em São Paulo, o prefeito de Campinas e o presidente da Sanasa também solicitaram que o DAEE aumente a fiscalização de captação irregular no Rio Atibaia, que em vários pontos registra quedas no volume de água. O pedido foi atendido pelo superintendente Ricardo Borsari, que se comprometeu a fiscalizar com mais rigor.
Barragens – As duas barragens projetadas para Pedreira e Amparo estão previstas no Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista e representariam, em conjunto, cerca de 7 a 13 metros cúbicos por segundo de reforço no abastecimento da região das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A represa de Pedreira atingiria os municípios de Pedreira e Campinas, e a represa de Duas Pontes, o município de Amparo.
As barragens foram projetadas pelo governo de São Paulo para aliviar as pressões sobre o Sistema Cantareira, que retira águas da bacia do rio Piracicaba para abastecer metade da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Desde o mês de maio de 2014 o Cantareira opera apenas com a primeira parte do chamado Volume Morto, no contexto de uma crise hídrica inédita no estado.
Tanto a RMSP como a Região Metropolitana de Campinas e demais municípios da bacia do rio Piracicaba dependem hoje do Cantareira para regularizar o seu abastecimento de água. Especialistas dizem que se não chover em quantidade adequada nas próximas semanas, ampliando o volume do Cantareira, haverá sérios problemas de abastecimento de água nas duas regiões em 2015.
O Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista prevê a necessidade de disponibilidade de novos 60 metros cúbicos por segundo para garantir o abastecimento da região até 2035. As barragens Pedreira e Duas Pontes são apenas duas das obras necessárias para assegurar essa disponibilidade. Está igualmente prevista a construção do Sistema São Lourenço, que receberá aporte de mais de R$ 2 bilhões do governo federal.
No final de setembro de 2014, foi autorizada a contratação da empresa que fará o levantamento cadastral e avaliação mercadológica dos imóveis que serão desapropriados para a implantação das barragens de Pedreira e Duas Pontes. A declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação, de imóveis localizados em Campinas, Pedreira e Amparo, visando a construção das duas barragens, foi objeto de decreto de 11 de fevereiro de 2014. Já foram realizadas audiências públicas sobre o projeto, mas alguns pontos ainda estão sendo questionados por moradores e organizações da região.