Soldados do Exército vão auxiliar no combate à dengue em Campinas. Eles vão atuar nos locais de maior transmissão da doença, em bairros como o Jardim Campo Belo e São Domingos. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira, 17 de março, pelo prefeito Jonas Donizette, na sua primeira reunião como presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Uma morte, de um homem de 78 anos, foi confirmada. Campinas registrou até o momento 1.697 casos de dengue. Outros 5.050 casos estão em investigação. O município está entre aqueles com maior número de casos no país.
De acordo com o prefeito, estava prevista a participação do Exército em ações de combate à dengue, sobretudo na eliminação de criadouros, a partir do mês de abril. Entretanto, houve o pedido para a antecipação dessa presença dos soldados nas ações coordenadas pela Secretaria Municipal da Saúde.
“Existe a questão do fardamento. Quando há uma atuação de soldados, as pessoas aumentam a sua preocupação. Temos que insistir nesse combate”, disse Jonas, salientando que tem ocorrido “total transparência” na divulgação dos dados da dengue em Campinas. No ano passado, o município contabilizou mais de 40 mil casos, liderando o ranking nacional de casos.
O secretário municipal de Saúde de Campinas, Carmino Antonio de Souza, também se pronunciou na reunião. Ele acentuou que “todos esforços devem ser feitos para evitarmos mortes em função da dengue”. Disse que a eliminação de focos e nebulização “são ações importantes, mas devemos treinar nossas equipes, em centros e postos de saúde e hospitais, para evitarmos mortes, esta é a prioridade”, destacou.
A alta letalidade em várias regiões de São Paulo tem preocupado as autoridades sanitárias, comentou o secretário de Saúde de Campinas. Ele observou que os dados mostram maior letalidade em hospitais particulares do que nos públicos. Carmino de Souza lembrou que “a preocupação deve ser com todos, mas existem grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas já adoentadas”.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, um homem de 78 anos foi morto por causa da dengue. Ele era morador na Região Leste de Campinas.
Não há casos notificados em Campinas da Febre Chikungunya, doença transmitida pelo mesmo mosquito que transmite a dengue, o Aedes aegypti. Os meses de janeiro a maio, historicamente, são os de maior incidência da dengue, por conta do calor e das chuvas, sendo o pico em abril. Daí o reforço das ações de eliminação de focos, com a participação do Exército. Outra providência foi a sanção nesta segunda-feira, 16 de março, pelo prefeito Jonas Donizette, da lei que impõe obrigações aos proprietários quanto à limpeza dos imóveis fechados.
Este ano, as autoridades de saúde pública ressaltam que existem outros fatores favoráveis à dengue. Houve um aumento de mais de 139% das notificações em todo o País em janeiro e fevereiro deste ano, comparado com o mesmo período em 2014. Além disso, muitos municípios paulistas e da região enfrentam epidemia da doença. Tudo isto acrescenta um risco maior de ocorrência da enfermidade em Campinas.
Balanço - A Prefeitura apresentou hoje um balanço de ações feitas até o momento no combate à dengue em Campinas: 420 mil toneladas de entulhos foram removidas desde 2013, pela Secretaria de Serviços Públicos; 20 mil caixas d’água foram teladas; 3 mil toneladas de criadouros (potes, latas, garrafas, etc) são removidas diariamente pelas equipes de saúde;
400 proprietários têm sido notificados por mês para fazer a limpeza de seus terrenos;
2.791 foram notificados a manter suas calçadas em ordem; 200 mil imóveis foram visitados pelas equipes de saúde desde 2014 em toda a cidade para remoção de criadouros e para ações de educação e mobilização social; 900 prédios públicos, entre escolas, centros de saúde e outros, estão sendo vistoriados pela Sanasa para manutenção e telamento de caixas d’água;
52 mil alunos vão receber revistas educativas com informações sobre dengue.
De acordo com o balanço do Ministério da Saúde, Campinas está entre os municípios com maior número de casos de dengue no país. O Boletim Epidemiológico 8, referente à Semana Epidemiológica 9 de 2015, aponta 6.955 casos em Campinas. Este número é explicado pelo fato de que o Ministério da Saúde soma também o número de casos suspeitos. Com esta metodologia, os municípios com maior número de casos são os de São Paulo (8491), Catanduva (8264), Goiânia (7608), Campinas (6955) e Sorocaba (6485).