Foi paixão à primeira vista, quando Aldo Efigênio dos Santos, o “Efigeninho”, um músico de Dracena (SP), apresentou a viola caipira a Júlio Santin. Santin tinha acabado de se formar em Medicina, pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, e desde então passou a conjugar as duas profissões. A de Medicina e a de violeiro, na realidade a de um pesquisador e defensor da cultura tradicional paulista. Júlio Santin é o quarto personagem da série “Infinitos Acordes – Os caminhos da viola caipira”.
A vocação estava no berço. Júlio Santin é natural de Irapurú, cidade do extremo oeste paulista, sede de um dos mais importantes festivais de música de raiz do Brasil, o Caipirapuru, já com 14 edições.
O ofício é levado muito a sério, assim como a Medicina. A partir dos ensinamentos de outro amigo caipira, Levi Ramiro, Santin fabrica os próprios instrumentos. “O caipira gosta de fazer as coisas, ele é curioso”, define-se. Autodidata, aperfeiçoou o estilo ouvindo discos de Tião Carreiro, Gedeão da Viola, Tião do Carro, Renato Andrade, Bambico, Almir Sater e Tavinho Moura, entre outros.
No início da década de 1990 Julio Santin radicou-se em São Paulo, para poder concluir seus estudos, especializando-se em Cardiologia Infantil, Ecocardiografia e seu mais recente título como Mestre em Ciências pelo Hospital do Câncer de São Paulo.
Nas estradas da viola caipira, já lançou os CDs “Sentimento Matuto” e “Capim Dourado”. Álbuns, é bom que se diga, gravados na sua própria casa, no estúdio “debaixo da escada, onde a sonoridade é muito boa”.
É presidente da Associação Cultural Caipirapuru, uma Organização Não Governamental formada por violeiros e cantadores da região de origem, e colabora, claro, na realização anual do “Encontro de Violeiros e Cantadores de Irapuru”. O Caipirapuru, que atrai cantadores e fãs da música regional e de raiz de todo Brasil. A viola caipira sempre no coração.
Infinitos Acordes – Nesta série, a Agência Social de Notícias reproduz o material coletado e produzido pelo Projeto Infinitos Acordes, que documentou em vídeo a obra de oito violeiros com estilos e sotaques distintos, exatamente para espelhar a riqueza multicolorida da música de raiz. Pelos acordes de Levi Ramiro, Julio Santin, Milton Araújo, João Arruda, Zeca Collares, João Paulo Amaral, Paulo Freire, Ricardo Vignini e Zé Helder, é possível trilhar os caminhos da viola caipira em sua essência.
O Projeto Infinitos Acordes é resultado da parceria entre os jornalistas Josiane Giacomini e Adriano Rosa, que também assina as fotos e as filmagens, e o editor e videomaker Filipi do Canto. Foram meses de pesquisa, elaboração de roteiro e gravações, resultando em documentário ainda inédito de 45 minutos que resume um dos mais importantes capítulos do cancioneiro popular brasileiro, o da viola caipira. Do documentário foram desmembrados oito videoclipes com trechos das entrevistas e das músicas que os violeiros apresentaram durante os depoimentos.
http://www.juliosantin.com/