Capa » Comportamento » Conferência Internacional Ambientes Indisciplinados recebe propostas até 30 de setembro
Conferência Internacional Ambientes Indisciplinados recebe propostas até 30 de setembro
Bens comuns versus privatização, tema em discussão na Conferência Internacional em Estocolmo (Foto José Pedro Martins)

Conferência Internacional Ambientes Indisciplinados recebe propostas até 30 de setembro

Ecologia política pós-capitalista, bens comuns, neocolonialismo, Antropoceno. Para discutir as possibilidades de umaecologia política indisciplinada”, a Rede Europeia de Ecologia Política, com apoio da FP7 e Marie Curie Actions, vai realizar a Conferência Internacional Ambientes Indisciplinados, entre os dias 20 e 23 de março de 2016, em Estocolmo, na Suécia. A capital sueca foi a sede, em 1972, da primeira conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente, um marco histórico para a temática cada vez mais presente e urgente. O evento de 2016 também tende a ser um divisor de águas.

O evento é co-organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e o Laboratório de Ciências Humanas ambientais do Instituto Real de Tecnologia KTH, Estocolmo. As inscrições de papers, painéis, mesas redondas e outras formas de participação serão aceitas até o dia 30 de setembro de 2015.

Os organizadores observam que “poder e conflito estão no cerne das mudanças sócio-ambientais, mas o conhecimento existente e das estruturas de ensino superior estão mal equipados para lidar com elas. A maioria das pesquisas ambientais socialmente relevantes ocorrem dentro de silos isolados disciplinares e tem uma orientação disciplinar. As questões foram formuladas em relação às tradições acadêmicas, não em termos de estrutura dos problemas e os conflitos atuais, que transcendem a departamentalização convencional. No entanto, como vivemos em ambientes indisciplinados, precisamos pensar de forma indisciplinada”.

A Conferência vai oferecer três sessões plenárias, cada um com um diálogo entre dois palestrantes de diferentes ambientes geográficos e disciplinares. A sessão sobre Ecologia Política Descolonial terá como principais oradores Kim Tallbear, da Universidade do Texas, em Austin, e o brasileiro Ailton Krenak, líder Krenaki e intelectual público, Krenak fez um pronunciamento histórico na Assembleia Nacional Constituinte, que redigiu  a Constituição de 1988.

Os organizadores da Conferência notam que o “colonialismo ainda perdura nas interações sociais, culturais, econômicas e ecológicas, não só como um processo estrutural, mas também  a informar as relações entre as pessoas e os outros companheiros humanos e de natureza não-humana”. Assim, esta sessão plenária vai abrir a Conferência com um debate sobre como a ecologia política pode interagir com as discussões indígenas, da descolonização e estudos de gênero, bem como no pensamento político e social emancipatório, “contribuindo assim para a descolonização do conhecimento social e ambiental”.

A sessão Ecologias pós-capitalismo terá como oradores Catherine Larrère, da Université de Paris I-Panthéon-Sorbonne, e Noel Castree, da University of Manchester. Indo além da humanidade reduzida à figura do homem branco universal, a sessão vai abrir o debate sobre a era batizada de Antropocenocomo uma materialidade radical contemporânea que nos convida a imaginar as possibilidades emancipatórias de uma situação apocalíptica”. Apesar de muita crítica acadêmica, para os organizadores as idéias tradicionais de conservação, sustentabilidade e crescimento verde continuam a dominar a arena da política ambiental. Deste modo, se o Antropoceno é fase atual do capitalismo, “como podemos imaginar um cenário pós-capitalista da libertação ecológica? Como podemos falar de uma democracia pós-humanista radical baseada nas transformações igualitárias das relações sócio-ecológicas?”

E a terceira sessão da Conferência Internacional Ambientes Indisciplinados será sobre Cercas versus Bens Comuns, com a participação como oradores de Nancy Peluso, da Universidade da Califórnia em Berkeley (a confirmar), e Ugo Mattei, da University College International, de Turim. Desde Chiapas, notam os organizadores,  os bens comuns tornaram-se o objeto de muita discurso ecológica radical e prática social.De acordo com muitos estudiosos, estamos testemunhando agora uma nova fase, marcada pelo recrudescimento da grilagem de terras em áreas rurais e despejos de habitação nas cidades, bem como pelaa mercantilização da atmosfera e da própria vida”. Esta sessão será então um convite à reflexão sobre como a ecologia política pode contribuir para a abertura do debate sobre “bens comuns” para além das fronteiras disciplinares, e em diferentes escalas espaciais e organizacionais.O que implicaria a ecologia política abraçar ativamente uma política renovada dos bens comuns?”, indagam os organizadores.
Além das três sessões plenárias, a conferência vai sediar uma série de sessões de painéis paralelos e intervenções não-acadêmicas. Nesse sentido, serão incentivadas apresentações sobre qualquer assunto de relevância para uma definição ampla da ecologia política indisciplinada. Serão aceitas contribuições em uma variedade de formatos: apresentações acadêmicas e mesas-redondas, materiais de áudio / vídeo, filmes documentários, performances ao vivo (poesia, música, teatro), foto ou exposições de arte, graffiti, e outros.

Todas as propostas devem ser enviadas via e-mail para o endereço entitleconference@politicalecology.eu até 30 de setembro de 2015. O campo “assunto” deve especificar a tipologia de apresentação (apresentação individual, painel, mesa redonda, a intervenção não-acadêmico) e uma ou mais palavras-chave.

A língua de trabalho da Conferência é o inglês, mas o comitê científico pode considerar apresentações individuais em outros idiomas na eventualidade de que a tradução possa ser fornecida.  Se aceitas, apresentações orais em outros idiomas devem ser acompanhadas por uma apresentação de slides em Inglês. Maiores informações: http://www.politicalecology.eu/news/item/entitleconference

 

 

 

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

Deixe uma resposta