Mulheres, negros, jovens e indígenas, que somados são a imensa maioria da população brasileira, estão mais uma vez sub-representados nas eleições de 2014. Esta a conclusão do relatório “Perfil dos Candidatos às Eleições 2014 – Sub-representação de negros, indígenas e mulheres: desafio à democracia”, lançado nesta sexta-feira, 19 de setembro, em Brasília, em publicação elaborada pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
No relatório, o Inesc lembra que esta é a primeira vez na história política do país que estão disponibilizados dados sobre o perfil racial dos candidatos aos vários cargos em disputa a 5 de outubro e, em caso de segundo turno, também a 26 de outubro. São no geral 25.919 candidatos, dos quais 17.911 são homens (69,10%) e somente 8.008 são mulheres (30,90%), dado que já mostra a sub-representação feminina, apesar do crescente número de candidaturas de mulheres. Em 2010 foram 22,4% de candidatas mulheres e 77,6% de candidatos homens.
Do conjunto de 25.919 candidaturas, 38,6% são de homens brancos, 30,0% de homens pretos ou pardos, 16,5% de mulheres brancas e 14,2% de mulheres negras e indígenas, ratificando a sub-representação dos grupos populacionais majoritários no Brasil. De acordo com o perfil indicado no relatório, considerando os maiores partidos que disputam a eleição (entre 32 partidos no total), o PT tem 41,9% de candidatos (as) negros (as), o PSB 37,7%, o PSDB 32,8% e o PMDB, 26,5%. A presença indígena é maior no PC do B, PSOL, PSTU e PT, “ainda que em proporção muito menor do que o desejado”. São somente 83 candidatos indígenas no geral, sendo 27 mulheres.
A sub-representação também acontece por grupos etários. Jovens de até 29 anos somam apenas 6,8% das candidaturas, apesar de significarem 51% da população brasileira. Justamente entre as candidaturas jovens está a maior equidade racial: 45,4% das candidaturas deste grupo etário são negras, e 52,3% de mulheres.
“Atualmente, o Sistema Político Brasileiro promove desigualdades no acesso aos cargos eletivos: embora as pessoas possam exercer sua cidadania por meio do voto, a forma como as eleições estão estruturadas impede que a disputa seja justa”, afirma o Inesc, na avaliação geral dos números. “Democracia é muito mais do que apenas um sistema político formal e a relação entre Estado e a sociedade, é também a forma como as pessoas se relacionam e se organizam”, conclui o relatório.