Elas denunciam a manutenção do machismo e de todas as formas de injustiça e violência, mas também anunciam a possibilidade de um novo mundo, amoroso, pacífico, gentil. São as 68 mulheres cartunistas de diversos países que estão participando da exposição “Batom, Lápis & TPM”, em cartaz no saguão da Estação Cultura de Campinas, com entrada gratuita, até o dia 24 de abril. O endereço é praça Marechal Floriano Peixoto, s/n.
A mostra, já na sua quinta edição, é uma realização do Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba (CEDHU), da Secretaria Municipal da Ação Cultural de Piracicaba. A mostra reúne cartuns e charges de artistas do Brasil, Espanha, Egito, Bulgária, Colômbia, Irã, Itália, Romênia, Peru, entre outros. Em Campinas, é uma iniciativa do Laboratório de Produção Cultural da Estação Cultura, por meio da frente de Relações Interinstitucionais.
O cardápio da exposição é variado. São tratados temas como a crítica aos padrões de moda e beleza femininos, questões de gênero, tecnologia e violência, em múltiplas modalidades. A condição de opressão a que continuam submetidas muitas mulheres é presente, por exemplo, nos desenhos de cartunistas do Oriente Médio ou que se referem a esta região, como no caso de Somaya Shoghi, do Irã, ou Marie Plotena, da República Checa. Claudia Kfouri, do Brasil, também assina uma obra nessa direção.
A contestação ao belicismo, que tem sua origem nas próprias estruturas do machismo, é outro tema abordado, como no traço de Marina Bondarenko, da Rússia, que mostra uma mãe grávida, ao lado de outro filho pequeno, “varrendo” metralhadoras, em uma casa bombardeada. Da mesma forma, a emergente questão ecológica é citada em diversas obras, como na de Elena Ospina, da Colômbia, destacando uma baleia sangrando, em clara referência `a matança do animal no Japão.
Entre as brasileiras, muitas situações enfocadas. O poder da poesia é explícito em obras como a de Marly App Bolina (“esqueci o zíper aberto: escapei”). Personagens da cena cultural nacional são motivo para caricaturas, como a da cartunista Laerte, por Maria Rita. Não importa a origem nem o estilo. Com a exposição “Batom, Lápis & TPM”, uma “filha” do badalado Salão Internacional de Humor de Piracicaba, as mulheres redesenham o mundo.