A alimentação é saudável, com produtos gerados sem uso de agrotóxicos e vindos diretamente da agricultura familiar. A energia é renovável, originada de painéis solares. A água é usada de forma eficiente, sem desperdício e em respeito às nascentes. Os resíduos são processados de forma correta e encaminhados para reciclagem ou reuso. A II Feira da Sustentabilidade, que começou na manhã desta quinta-feira, 14 de abril, na Casa do Marquês, em Piracicaba, confirma que já existem tecnologias disponíveis para muitos dos dramas contemporâneos. Mas o evento que termina no sábado também está reafirmando muitos dos desafios que ainda precisam ser superados para que de fato seja construída uma sociedade sustentável, como fica claro no discurso de muitos dos convidados.
“Precisamos mudar os padrões de consumo, mas esse movimento é global e irreversível”, acentuou o prefeito de Piracicaba, Gabriel Ferrato dos Santos, que participou da cerimônia de abertura, sintetizando muitas das preocupações dos presentes. Por sua vez, o meteorologista Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacou a necessidade de que a questão ambiental esteja diretamente vinculada à questão social. “Temos urgência de uma sociedade amorosa, que começa com o respeito consigo mesmo e se estende para o respeito com o próximo e com a natureza”, acentuou.
Ecos desta sociedade fraterna, de sintonia com os fluxos da natureza, estão presentes nas diversas organizações e empresas que participam da II Feira da Sustentabilidade. Municípios sustentáveis, tecnologias sociais, sustentabilidade empresarial e construções sustentáveis são os quatro eixos da iniciativa, que acontece na Casa do Marquês do bairro Monte Alegre. São 50 atividades na programação, entre palestras, cursos e conferências, além da presença de diversos expositores.
A II Feira da Sustentabilidade é fruto da união de um grande grupo de pessoas em torno de uma causa que já congrega a expertise de quase 17 municípios. São mais de 70 apoiadores fazendo o evento acontecer e abrindo a Casa do Marquês para mostrarem a riqueza e a diversidade socioambiental da região de Piracicaba, localizada no âmbito das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.
“Trata-se da construção de uma rede de pessoas físicas, empresas, iniciativa pública e do terceiro setor mobilizando a economia colaborativa”, diz Mônica Cabello de Brito, coordenadora geral da iniciativa, organizada pela Casa do Marquês, Casa da Floresta Assessoria Ambiental e Instituto Casa da Floresta. A produtora executiva Valéria Freixêdas assinala que o evento foi concebido considerando o potencial para despertar vários sentidos no público, mas, sobretudo, “compartilhar ideias e práticas sustentáveis que estão à disposição em nossa região e, cada vez mais, unindo pessoas para a construção de um mundo melhor”, acrescenta.
Alunos e professores da ESALQ-USP e outras Universidades, estudantes de escolas públicas em geral, membros de organizações ambientalistas, profissionais e gestores de órgãos públicos vinculados à temática, empresários. O público diverso da II Feira da Sustentabilidade confirma o interesse cada vez maior por aquele que representa um desafio universal, o de implementar na prática o conceito de desenvolvimento sustentável. (Por José Pedro Martins)