Para falar sobre dependência química nas escolas ou em família é preciso derrubar inúmeras barreiras. O tema tabu traz uma carga emocional, muitas vezes traumática ou carregada de preconceitos. A abordagem no teatro, no entanto, abre as portas para o diálogo. Este é o resultado de duas peças, “Ainda” e “Agora” – apresentadas ontem e hoje, respectivamente, no Teatro Castro Mendes, em Campinas –, ambas dirigidas por Marcos Caruso.
A Cia Garatuja fez sessões especiais para alunos de escolas públicas e membros do Instituto Padre Haroldo (entidade que acolhe e cuida de dependentes químicos). A iniciativa faz parte do Projeto Cidadão, iniciado há oito anos pelo Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de São Paulo (Coned), presidido pelo vereador Luiz Carlos Rossini. Para trazer as peças a Campinas, o Coned contou com o apoio do Conselho Municipal de Entorpecentes e da Prefeitura de Campinas.
Trilogia
O projeto prevê uma terceira peça ainda em fase de elaboração – “Depois” –, que completará a trilogia sobre dependência química. O primeiro texto – “Ainda” -, escrito por Gilda Eliza, apresenta o confronto de um jovem usuário com o seu pai. Os sentimentos mais profundos são revelados no enredo e a falta de diálogo entre pais e filhos fica explícita no palco.
O texto de José Scavazini em “Agora” revela a agonia do confinamento, com suas dores e dificuldades, dentro de uma comunidade terapêutica de recuperação. Ribeiro tem 50 anos e está internado há 90 dias especialmente pelo uso de craque. Toni tem 30 anos, internado há 20 dias, é usuário de cocaína. Flavinho tem 27 anos, internado há sete dias, é usuário de maconha. Gil tem 52 anos, é alcoólatra e está chegando à clínica.
“Ainda”
Texto Gilda Eliza
Direção Marcos Caruso
Atores Carlos Mariano, José Scavazini, Ailton Rosa e Carlos De Niggro
Realização Cia. Garatujas
“Agora”
Texto José Scavazini
Direção Marcus Caruso
Atores Carlos Mariano, José Scavazini, Ailton Rosa e Carlos De Niggro
Realização Cia Garatujas
Interessante.