O trabalho em cooperação entre a Escola Municipal “José de Moura”, o Comitê Agrícola de Cachoeira, o Centro Comunitário de Cachoeira e Ecomuseu de Maranguape, visando a construção de uma Cidade Educadora neste município do Ceará, é uma das experiências que participam do XIV Congresso Internacional de Cidades Educadoras, que acontece até sábado, dia 4 de junho, em Rosário, na Argentina.
São dezenas de prefeitos, secretários, educadores e ativistas sociais participando do evento. Entre outros, participam como expositores o filósofo francês Gilles Lipovetsky, o cientista político do Congo Mbuyi Kabunda Badi e a brasileira Maria Evaristo dos Santos “Macaé”, atual secretária de Estado de Educação de Minas Gerais.
“Cidades: Territórios de Convivência” é o tema do Congresso, promovido pela Associação Internacional de Cidades Educadoras (IAEC, na sigla em inglês). São as cidades que buscam implementar o conceito de Cidade Educadora, segundo o qual toda a cidade deve se responsabilizar pela educação da criança e do adolescente mas também dos cidadãos de todas as idades. Assim, cada parque, biblioteca, centro de saúde, cinema, teatro, praça e outro espaço ou equipamento podem, juntos, contribuir para o processo educacional, agindo em parceria.
A convocatória para o Congresso em Rosário observa que o conceito de Cidade Educadora é “um convite a pensar a cidade como um lugar de aprendizagens permanentes, de convivência e de diálogo. Promove os valores da cidadania democrática, nos propõe aprender a viver juntos, aprender a viver com os demais, a participar, a cooperar para fazer das cidades, com sua multiplicidade de atores e instituições, espaços educadores”.
O conceito de Cidade Educadora, ou Educativa, deriva do Relatório “Aprender a Ser”, de Edgar Faure, de 1972, produzido a pedido da Unesco. “A cidade, sobretudo quando saiba manter-se à altura do homem, contém […] um imenso potencial educativo não só pela intensidade das trocas de conhecimentos que se operam mas também pela escola de civismo e de solidariedade que constitui”, afirma Faure, no documento que serviu de base para muitas discussões que evoluíram na transição dos séculos 20 e 21. Ele afirmava ainda que “é preciso ir mais além na revisão necessária dos ‘sistemas educativos’ e pensar na criação de uma cidade educativa. Esta é a verdadeira dimensão do desafio educativo do futuro”.
No Brasil são conhecidas algumas experiências, como a da Vila Madalena em São Paulo, praticada pelo Projeto Aprendiz. A experiência ocorrida no Distrito rural de Cachoeira, em Maranguape, vem sendo consolidada, após a participação dos parceiros no Projeto Ecomuseu de Maranguape, um dos projetos apoiados pelo Fundo Juntos pela Educação (constituído pelo Instituto Arcor Brasil e Instituto C&A), como parte do Programa pela Educação Integral. Um dos frutos do Programa foi a criação da Rede Juntos pela Educação Integral, cujos coordenadores, Nádia Helena Almeida e Márcio Carvalhal, participam do Congresso em Rosário.
A cidade argentina é um local privilegiado para a realização do XIV Congresso Internacional de Cidades Educadoras. Há muitos anos Rosário implementa o conceito de Cidade das Crianças, proposto pelo italiano Francesco Tonucci e que sugere o redesenho das cidades do “tamanho” das crianças, “governada” por elas. E uma cidade com este perfil é uma Cidade Educadora. (Ver artigo sobre a experiência de Rosário no artigo “E se as crianças governassem”, de José Pedro Martins, na plataforma de blogs da Agência Social de Notícias, aqui).