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Lisboices: Sãos e salvos

Lisboices: Sãos e salvos

Por Eduardo Gregori

Mais uma semana passou. Portugal já está em plena terceira semana desde o fim do confinamento. A pressão pela abertura das praias, com um calor que beira os 40 graus e anuncia que o verão será mesmo quente, fez com que o governo corresse para definir as regras para frequentar as areias.

A temporada começa oficialmente no dia 6 de junho, mas com os termômetros à pico, sol e um calor de deserto, o jeito foi o presidente Marcelo Rebelo de Sousa fazer o que usualmente fazia antes da pandemia do novo coronavírus: foi até uma das praias de Cascais tomar o seu banho de mar e, mantendo a distância, fez fotos com muitos banhistas. Enquanto isso no Algarve, sul de Portugal, o Primeiro-Ministro António Costa foi à praia com a esposa. As aparições de ambos mandaram sinais de confiança ao povo português.

A imprensa esperou pelo caos: gente amontada, principalmente nas praias da Linha de Cascais, as mais procuradas pelos lisboetas. Entretanto, o que se viu foi civilidade. Pessoas afastadas além da margem de segurança, tranquilidade e respeito às regras. Quem estava sob o mesmo guarda-sol eram famílias que vivem juntas e não mais que cinco pessoas.

Pude finalmente observar o mar sem medo de ser multado ou preso. Fui para a Costa de Caparica, na Margem Sul do Tejo, lugar onde a natureza é deslumbrante. Abri meu guarda-sol e invadiu-me uma sensação de bem-estar e liberdade, finalmente.

Liberdade estendida aos restaurantes e cafés. No final da tarde fui com Paulo e sentamos em uma mesa do lado de fora de uma cafeteria em Almada. Observamos o movimento e a alegria das pessoas por poder desfrutar de uma bela tarde de sol tomando seu café ou a sua cervejinha.

Tudo isso sem regras seria o caos. Nessa nova realidade, só podemos compartilhar a mesma mesa de um bar ou de um restaurante com as pessoas que vivemos. Se o restaurante tem uma parede de acrílico transparente, então cada família ou grupos de amigos pode sentar-se de lados opostos. Por exemplo: Paulo e eu de um lado e do outro amigos que moram juntos.

Confesso que é meio estranho, mas temos que incorporar estas novas mudanças se quisermos seguir controlando a infecção. Um lar de idosos do Montijo, cidade na Margem Sul, criou uma espécie de aquário em acrílico para que os moradores pudessem ver e conversar com seus entes queridos sem os colocar em risco.

Na TV, muitas lágrimas, mas também muito carinho e esperança. As autoridades têm sido muito severas com quem insiste em não seguir as regras. Há multas e até mesmo prisão para quem, por exemplo, senta-se a uma mesa com pessoas com quem não vive. Às vezes nos pedem a identificação e acessam o sistema para saber se de fato temos o mesmo endereço. É duro, mas é necessário.

Enquanto estamos indo para as ruas e mantendo o afastamento, os números vão apresentando melhoras. Atualmente há mais pessoas recuperadas da covid-19 do que infectadas. O número de mortes também mantêm-se baixo, cerca de 13 a cada 24 horas.

Mas nem tudo é perfeito. O número de infectados elevou-se ligeiramente por conta de funcionários de uma das maiores empresas de Portugal, que inclusive detém shopping centers no Brasil. Os funcionários viviam próximos e muitos, sem sintomas, foram infectando uns aos outros.

Em Setúbal, a população descuidou-se e o número de casos voltou a subir, deslocando o foco de Lisboa para a cidade na região sul. O governo acredita que estamos indo bem, derrapando aqui e ali, mas no final das contas, estamos indo em frente e aprendendo.

Agora, faltam apenas os shoppings, as academias e as piscinas públicas. A reabertura marcará o fim de vez do confinamento. Os shoppings serão os primeiros desta lista, mas as academias e as piscinas públicas ainda não têm data definida, o que tem gerado muita pressão dos donos de ginásios, que estão há 3 meses sem gerar renda.

Então, nos resta esperar esta última fase para saber o que é ter a vida de volta. Se não completamente como a tínhamos há 3 meses, mas uma vida em que estamos sãos e salvos.

contato: info@euporai.pt

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Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori é jornalista formado pela Pontifícia Católica de Campinas. Nasceu em Belo Horizonte e por 30 anos viveu em Campinas, onde trabalhou na Rede Anhanguera de Comunicação. Atualmente é editor do blog de viagens Eu Por Aí (www.euporai.com.br) e vive em Portugal