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Semana em Campinas reflete e impulsiona o “boom” do quadrinho nacional
Abertura da I Semana do Quadrinho Nacional levou grande público à Biblioteca Municipal de Campinas (Fotos Martinho Caires)

Semana em Campinas reflete e impulsiona o “boom” do quadrinho nacional

As histórias em quadrinhos nacionais vivem um “boom”, um momento especial, pela ampliação do mercado e a maior possibilidade de publicação de autores independentes, embora muito ainda possa ser feito. Esta é a posição de consenso dos criadores e produtores culturais presentes na abertura da I Semana do Quadrinho Nacional, na noite desta sexta-feira, 30 de janeiro, na Biblioteca Pública Municipal “Professor Ernesto Manoel Zink”, em Campinas. Durante uma semana, até 7 de fevereiro, Campinas é a capital nacional dos quadrinhos.

Um dos mais experientes e conhecidos quadrinistas e ilustradores brasileiros, Bira Dantas entende que as HQs nacionais vivem um momento primoroso. “Temos vários estilos, vários artistas criando com foco no humor, na crítica, no entretenimento, no terror”, observa Bira, que entre outros trabalhos foi desenhista do gibi “Os Trapalhões” e que já adaptou para HQ obras literárias como Dom Quixote de La Mancha, O Ateneu e Memórias de um Sargento de Milícias. Tatu-man é um dos seus personagens. Bira já ganhou o Prêmio Angelo Agostini, o Oscar das HQs do Brasil, e o Salão de Humor de Chipre, em 2002.

Bira Dantas e Artie Oliveira, roteiristas e produtores de "Desvendando Angelo Agostini"

Bira Dantas e Artie Oliveira, roteiristas e produtores de “Desvendando Angelo Agostini”

Daniel Ete também considera promissor o atual momento dos quadrinhos nacionais. Ele entende que a Internet tem tido um papel importante, pela possibilidade de publicação em blogs e outros espaços e pela facilidade de comunicação, de união de pessoas que têm os mesmos gostos. Daniel Ete é um multi-artista, sendo músico além de ilustrador. É por exemplo o criador e organizador do Festival Autorock, mais importante festival de rock de Campinas.

Um dos sinais da evolução dos quadrinhos no Brasil é a criação de novas editoras na área, como a Zarabatana, de Campinas. Foi criada em 2006, por Claudio Martini, inicialmente para editar no Brasil histórias de criadores estrangeiros dos quais ele gostava mas não tinham mercado no país. Mas depois a Zarabatana passou a editar muitos autores nacionais. “Temos criadores com muito talento e o mercado foi ampliado”, diz Claudio, para quem eventos como a I Semana do Quadrinho Nacional contribuem para a criação de público e aproximação do público dos autores.

Fabiano Carriero e a homenagem a Henfil, com citação ao Charlie Hebdo

Fabiano Carriero e a homenagem a Henfil, com citação ao Charlie Hebdo

Quadrinho Nacional, desde Campinas – No ano passado, a Biblioteca Pública Municipal “Professor Ernesto Manoel Zink”, que tem uma Gibiteca, comemorou o Dia Nacional dos Quadrinhos, lembrado a 30 de janeiro, data de falecimento de Angelo Agostini, pioneiro nas HQs no país. “Fizemos tudo em um dia e então percebemos que era necessário ampliar a programação, inclusive para dar possibilidade para as escolas acompanharem e participarem”, conta Suse Elias, bibliotecária do setor de Periódicos e Gibiteca da Biblioteca Municipal de Campinas.

Após várias conversas e conquista de apoios, foi então formatada a I Semana do Quadrinho Nacional, aberta na noite desta sexta-feira. A Semana foi aberta com a inauguração das exposições “Leituras e Releituras” e “Raridades dos Quadrinhos”, na Biblioteca Pública Municipal “Professor Ernesto Manoel Zink” (Rua Benjamin Constant, 1633 – Centro), espaço da maioria das atividades.

Caio Yo será um dos palestrantes durante a Semana

Caio Yo será um dos palestrantes durante a Semana

Muitos ilustradores que serão referência foram homenageados na exposição “Leituras e Releituras”. O próprio Bira Dantas, por exemplo, recebeu homenagem dos irmãos Mirs Monstrengo e Osmir Mirs, que são grafiteiros.  Henfil, por outro lado, teve uma releitura por Fabiano Carriero, que também fez referência ao atentado ao Charlie Hebdo, inserindo a frase Je Suis Libre em sua obra.

Neste sábado, dia 31, às 9 horas, outras duas exposições foram inauguradas, “Made in Brazil”, na Pandora Escola de Arte, e “75 anos do Batman”, em várias bibliotecas públicas de Campinas, como a “Guilherme de Almeida” em Sousas, “Monteiro Lobato” no Bosque dos Italianos, “Joaquim de Castro Tibiriçá” no Bonfim e Espaço Cultural “Cora Coralina” na Vila Padre Anchieta.

Nos dias 2 a 5 de fevereiro, segunda a quinta-feira, acontecem as palestras na Biblioteca “Prof.Ernesto Manoel Zink”, sempre às 14 horas. No dia 2, “História do Mangá”, com Caio Yo; dia 3, “Cinema e as histórias em quadrinhos”, com Priscila Salomão; dia 4, “Contando histórias com imagens”, com Mario Cau e Ricardo Quintana: e “Angelo Agostini”, com Bira Dantas. Agostini foi um dos primeiros cartunistas brasileiros.

Nesse dia, será exibido o documentário, praticamente inédito, “Desvendando Angelo Agostini”, de Bira Dantas e Artie Oliveira. O documentário já foi exibido em sessões especiais e, recentemente, na Argélia. Editor e videomaker, Artie destaca que o documentário contribui para o resgate da memória de capítulos importantes das HQs no Brasil.

A I Semana do Quadrinho Nacional termina no dia 7 de fevereiro, sábado, com a Feira de Autores Independentes de Quadrinhos, a partir das 14 horas, na Biblioteca “Prof.Ernesto Manoel Zink”, com o lançamento de várias HQs, como “Pátria Armada”, por Klebs Jr, “Proféticos”, de Rafael Marçal, e “Coelho Nero”, de Omar. A I Semana é uma realização da Pandora Escola de Arte, Secretaria Municipal de Cultura e Carriero Art, com apoio de Garagem Comics.

Os grafiteiros Osmir Mirs e Mirs Monstrengo, na releitura de Bira Dantas

Os grafiteiros Osmir Mirs e Mirs Monstrengo, na releitura de Bira Dantas

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