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São Paulo no rumo do racionamento de água e energia, diz especialista da Unicamp
Professor Antônio Carlos Zuffo, da Unicamp (Foto Adriano Rosa)

São Paulo no rumo do racionamento de água e energia, diz especialista da Unicamp

Em janeiro choveu 55% da média histórica. Se fevereiro e março as chuvas continuarem abaixo da média, fazendo com que os reservatórios do Sistema Cantareira sequem, a Grande São Paulo e a região de Campinas, localizada nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), enfrentarão racionamento de água e também de energia elétrica. O alerta foi feito nesta segunda-feira, 2 de fevereiro, pelo professor Dr.Antônio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp.

“Fatalmente haverá necessidade de alguma redução do consumo de água, se até abril não chover em volume suficiente”, adverte o especialista. Nesta terça-feira os reservatórios do Cantareira estão com 5% de sua capacidade. O professor da Unicamp entende que, no cenário mais negativo, poderão ser suspensas as outorgas de água de grandes consumidores do setor produtivo, considerando que a legislação brasileira prevê a prioridade para abastecimento humano e dessedentação (onde eles “matam a sede”) animal.

Ele lembra que a região de Campinas, situada nas bacias PCJ, tem ligação direta com o Cantareira. Algumas cidades contam com reservatórios para justamente enfrentar uma situação mais críticas, mas outras, como Campinas, não. “Elas dependem do manancial, como o Atibaia, cuja vazão depende da liberação de água pelo Cantareira”, observou.

As médias históricas de chuvas para fevereiro e março são, respectivamente, 200 e 180 milímetros, caindo para 80 milímetros em abril e continuando a descer até setembro. Portanto, se as chuvas continuarem abaixo da média histórica, o que ocorre desde outubro, é iminente o racionamento, de água mas também de energia elétrica na região mais rica e populosa do país, avisa o professor Zuffo. “As pessoas não estão se atentando também para o risco de racionamento de energia”, lamenta.

Cerca de 70% da energia elétrica do Brasil são gerados por hidrelétricas, lembra o especialista da Unicamp. O restante é gerado por termelétricas. “Mas as termelétricas dependem de manutenção mais complexa, não funcionam sempre com capacidade total, às vezes precisam ser desligadas”, nota ele. “Além de tudo a energia é necessária para o bombeamento de água, ou seja, tudo está interligado”, destaca, para justificar a expectativa de que, na falta de chuvas suficientes nos próximos dois meses, de fato haverá também problemas com a eletricidade, na medida em que os reservatórios das hidrelétricas estão muito baixos. Nesta segunda-feira, os reservatórios do Sistema Interligado Nacional estão em 27,81% de sua capacidade, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

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