Capa » Campinas 250 anos » Campinas terá rara oficina sobre pegada hídrica dia 11 de setembro no Ciesp
Campinas terá rara oficina sobre pegada hídrica dia 11 de setembro no Ciesp
Rio Piracicaba, há duas semanas: seca atinge toda a região, que agora discute a pegada hídrica (Foto José Pedro Martins)

Campinas terá rara oficina sobre pegada hídrica dia 11 de setembro no Ciesp

Quanto de água é consumido para fabricar um hambúrguer ou um quilo de metal? Quanto de água o Brasil exporta através de seus produtos agropecuários? Campinas está no centro de uma grave crise hídrica, que afeta todo o conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) desde o final de 2013, como fruto de equívocos de gestão e da forte estiagem. Entretanto, somente agora a região começa a discutir mais profundamente o conceito de pegada hídrica, que é a avaliação do impacto de qualquer atividade humana no uso da água. No próximo dia 11 de setembro, sexta-feira, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) promoverá em Campinas, às 9 horas, uma oficina sobre Pegada Hídrica. O evento será no CIESP-Campinas e indica um avanço de discussão do tema no mundo corporativo, às vésperas da Conferência do Clima em Paris.

A oficina será ministrada por Fabrício de Campos, especialista em contabilidade ambiental e economia verde. Com vários trabalhos de dimensão internacional em Pegada Hídrica, Pegada Ecológica e Mudanças Climáticas, Fabrício de Campos é reconhecido por sua atuação na área dos indicadores de sustentabilidade.

A Pegada Hídrica é um derivativo da Pegada Ecológica, que mede o impacto do uso dos recursos naturais pela humanidade. Com o uso da ferramenta da Pegada Hídrica, é possível calcular quanto a fabricação de cada produto consome de água.

Enquanto a escassez de água afeta 2,7 bilhões de pessoas pelo menos um mês no ano, a produção de um quilo de carne bovina  exige 15 mil litros de água (93% verde, azul 4%, 3% cinza da pegada hídrica), segundo a Rede Water Footprint (Pegada Hídrica). A rede esclarece que há uma variação enorme em torno dessa média global. A pegada para um corte de carne depende de fatores, tais como o tipo de sistema de produção e da composição e origem da alimentação do gado.

Já a Pegada Hídrica de um hambúrguer de soja produzido na Holanda é cerca de 160 litros. O hambúrguer de carne do mesmo país necessita cerca de 1000 litros. A Pegada Hídrica do consumo chinês é cerca de 1070 metros cúbicos per capita, por ano. Cerca de 10% da Pegada Hídrica chinesa cai fora da China, de acordo com a Rede Water Footprint.

Segundo a mesma fonte, o Brasil, com uma pegada de 2027 metros cúbicos per capita, por ano, tem cerca de 9% da sua Pegada Hídrica total fora das fronteiras do país. Ou seja, um décimo da água utilizada na fabricação de produtos no Brasil é destinada à exportação. 

Por outro lado, a Pegada Hídrica dos cidadãos dos Estados Unidos é de 2840 metros cúbicos per capita, por ano. Cerca de 20% dessa Pegada Hídrica é externa. A pegada maior de água externa do consumo nos EUA encontra-se na bacia do rio Yangtze, na China.

A Pegada Hídrica Global  no período 1996-2005 foi de 9087 Gm³/ano (74% verde, azul 11%, e cinza 15%). A produção agrícola contribui 92% para esta pegada total, sempre segundo a Rede Water Footprint, que envolve organizações como Universidade de Twente, na Holanda, a ambientalista WWF sediada na Suíça  e a International Finance Corporation, dos Estados Unidos.

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

Deixe uma resposta