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Zika vírus movimenta universidades e Unicamp busca desenvolver novos larvicidas
Unicamp criou força-tarefa em dezembro e agora está em rede com USP e Unesp contra zika (Foto Martinho Caires)

Zika vírus movimenta universidades e Unicamp busca desenvolver novos larvicidas

Os pró-reitores de Pesquisa das três universidades estaduais de São Paulo, professores Gláucia Pastore da Unicamp, José Eduardo Krieger da USP e Maria José Giannini da Unesp, formalizaram a criação da Rede para Zika Vírus, em reunião realizada na sede do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), na última quarta-feira, dia 3 de fevereiro. É mais um sintoma do aumento da preocupação da comunidade científica e de vários outros setores com a proliferação do zika vírus, mas também de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

“Considerando as ações que cada instituição vem desenvolvendo em relação a doenças virais transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, foi sugerido que montássemos uma força-tarefa mais robusta via Cruesp, com mais pesquisadores e maior interação entre Unicamp, USP e Unesp”, afirmou Gláucia Pastore, da Unicamp.

A pró-reitora, que anunciou uma força-tarefa específica da Unicamp às vésperas do Natal, levou cinco dos 25 pesquisadores do grupo para a reunião em São Paulo, a fim de que trocassem informações sobre os trabalhos que os colegas das outras duas instituições vêm realizando. “O encontro foi importante para que as pessoas soubessem quem faz o quê, visto que muitas não se conhecem. A USP apresentou suas ações, que estão muito mais concentradas no vírus propriamente dito, ao passo que Unicamp optou por uma estruturação mais global dos pontos a serem atacados.”

Segundo Gláucia Pastore, a primeira parte da reunião contou com a participação do professor Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, que solicitou das três universidades um programa com propostas, metodologias e objetivos, que possa ser encaminhado a algumas fontes de financiamento. “Nossa pretensão era ter um novo programa subvencionado pela Fapesp, visando o melhor entendimento, principalmente do Zika Vírus, e também em relação à dengue e Chikungunya. Teremos mais reuniões a respeito.”

A pró-reitora de Pesquisa conta que, em seguida, houve uma discussão estritamente científica, envolvendo os pesquisadores das três universidades. “Foi bastante produtivo porque existem aspectos em que vamos precisar de cooperação e outros em que vamos oferecê-la, no que se refere a laboratórios, infraestrutura e metodologias. Ficou claro que nós da Unicamp vamos procurar desenvolver novos larvicidas e mosquicidas, o que não estava contemplado no projeto original da USP. O fato é que temos um desafio enorme, com muitos buracos a serem preenchidos.”

Na opinião da professora da Unicamp, o cenário ainda está confuso, como por exemplo, no que diz respeito ao diagnóstico da doença. “Queremos interferir nesse aspecto, criando um protocolo e uma força-tarefa de identificação. A ciência ainda não possui métodos precisos, até porque no exterior ainda não se chegou ao mesmo nível de preocupação do Brasil. Outros buracos estão na correlação do vírus com a microencefalia e quanto à imunidade, ou seja: por que uma pessoa enfrenta bem a doença e outra tem uma série de complicações, qual é a resposta imune (a condição de saúde, a genética, a alimentação)?”

Força-tarefa na Unicamp – Reunião conduzida por Gláucia Pastore, no Gabinete do Reitor, serviu para estruturar a força-tarefa da Unicamp, seguindo a proposta de conciliar linhas de pesquisas e pesquisadores em torno de um objetivo comum, paralelamente ao esforço da rede no âmbito do Cruesp. “Internamente, estamos muito interessados nesta metodologia, que poderemos utilizar para outros temas de pesquisa. Estamos com a força-tarefa estruturada. Hoje definimos todos os grupos e seus coordenadores, que vão apresentar um pré-projeto no dia 24 de fevereiro – discutido o projeto, vamos discuti-lo com CNPq, Fapesp e órgãos de financiamento do exterior.”

A pró-reitora observa que o grupo da Unicamp possui jovens professores, que estão bem treinados e com muita vontade de resolver os graves problema de saúde pública. “No futuro pretendemos estruturar um laboratório de segurança biológica, a fim de trabalhar com estes tipos de vírus. As ações do grupo da Unicamp serão coordenadas pela professora Clarice Weis Arns, do Instituto de Biologia, que também será nossa representante junto à rede no âmbito do Cruesp; ela terá como adjuntos os professores Fábio Costa, também do IB, e Mariangela Resende, da Faculdade de Ciências Médicas.”

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