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Renato Janine defende o fim da desigualdade pela Educação e faz 1ª palestra da FEAC em 2016
“Educar é libertar. É dar à pessoa a chance de encontrar seu próprio caminho”: Renato Janine Ribeiro Fotos: Martinho Caires

Renato Janine defende o fim da desigualdade pela Educação e faz 1ª palestra da FEAC em 2016

Por Adriana Menezes

Praticamente sem dissociar educação de política, Renato Janine Ribeiro fala do papel libertador da educação. “Educar é libertar. É dar à pessoa a chance de encontrar seu próprio caminho.” É a Educação, portanto, que expande as possibilidades da pessoa quando ela conhece o diferente e vai além do universo familiar. “Esse é o papel da escola.” O filósofo e ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro abriu ontem, quinta feira (31/03), a série de encontros mensais de 2016 do Compromisso Campinas pela Educação (CCE), promovido pela Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (FEAC).

“Assim como a Educação, a política é laboriosa. Não se mudam as coisas rapidamente”, disse Janine ao final da entrevista que ele concedeu antes da palestra “Os Direitos Humanos e a Educação”. Foram cerca de 50 minutos com a imprensa local, atendida logo depois que ele chegou de São Paulo, às 17h50. Nenhum sinal de cansaço e muita disposição para falar de direitos humanos, educação e política, que em sua interlocução estão profundamente imbricados. A Educação, tanto quanto a participação política, é também um dos direitos humanos da sociedade.

Renato Janine Ribeiro abriu ontem a série de encontros mensais de 2016 do Compromisso Campinas pela Educação (CCE), promovido pela Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (FEAC)       Fotos: Martinho Caires

Renato Janine Ribeiro abriu ontem a série de encontros mensais de 2016 do Compromisso Campinas pela Educação (CCE), promovido pela Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (FEAC)        Fotos: Martinho Caires

País das desigualdades

“A primeira coisa que precisamos ensinar é a igualdade. Este é um dos pontos essenciais nos direitos humanos: somos iguais”, disse Janine. Para o professor, vivemos 500 anos de história no Brasil em que “se trabalhou com afinco pela injustiça” e houve grande empenho na “exclusão de pobres e negros”.

O filósofo cita como exemplo uma situação de um brasileiro que viaja para a Europa e trata a todos com igualdade lá, mas quando está no Brasil trata diferente o atendente, ou o carregador de mala, por exemplo. “Como se fizesse questão de mostrar uma diferença, ou que ele vale mais que o outro.”

Janine acredita que as políticas públicas e os programas de educação voltados para o fim da desigualdade podem mudar esse cenário. “Tivemos avanços significativos nos últimos anos com programas como Pronatec, Prouni e Ciência sem Fronteira.” Questionado sobre a suspensão do Ciência sem Fronteira, ele é direto na resposta: “O que aconteceu com os programas? Foram afetados pela crise econômica. O dinheiro do MEC (Ministério da Educação) deixou de existir”, disse Janine, que foi Ministro de Estado da Educação, de 6 de abril a 5 de outubro de 2015.

‘Educar é libertar’

O professor defende que a sociedade tenha o retorno do profissional formado pelo ensino público. “Quem estudou no ensino público precisa ser grato à sociedade pelas vantagens que ela lhe proporcionou, porque os benefícios não caem do céu e uma pessoa que se forma numa universidade pública não consegue só por mérito próprio.” Segundo Janine, o estudante que privatiza o seu diploma, ou seja, que não retorna à sociedade o que recebeu, pode estar sendo antiético, sem ter noção disso.

Este ano, os Encontros Mensais da FEAC, no Compromisso Campinas pela Educação (CCE), irão abordar assuntos que estejam em consonância com o Planoos: Martinho Caires Municipal de Educação de Campinas (PME)    Fot

Os Encontros Mensais da FEAC, no Compromisso Campinas pela Educação (CCE) irão abordar assuntos que estejam em consonância com o Plano Municipal de Educação de Campinas      Fotos: Martinho Caires

Ética

Quando o assunto é ética, tema sobre o qual é autor de livros e professor na USP, Janine avisa que não é possível simplificar. “Saber o certo e o errado não é o mesmo que saber sobre ética. Isso é apenas lei. Se você faz o certo só porque é lei, você não é necessariamente ético. Para ser ético é preciso ter consciência. Assim como temos exemplos na história em que deixar de cumprir a lei, como ajudar a libertar os escravos, foi uma atitude ética.” Antígona, a tragédia grega de Sófocles, também costuma ser usada pelo professor como exemplo de ética sem o cumprimento da lei.

Renato Janine elaborou para a Unesco uma proposta de inclusão do estudo de ética nas escolas. “Há alunos que chegam ao ensino médio sem saber ou ouvir falar de ética.” Renato Janine consegue, por fim, relacionar ao tema central da educação todas as questões abordadas – direitos humanos, política, ética.

Campinas

Este ano, os Encontros Mensais da FEAC, no Compromisso Campinas pela Educação (CCE), irão abordar assuntos que estejam em consonância com o Plano Municipal de Educação de Campinas (PME). Os Planos de Educação constituem um marco fundamental que visa consolidar um sistema educacional capaz de concretizar o direito à educação em sua integralidade.

De acordo com o vice-presidente da FEAC, Luís Norberto Paschoal, em 2016 o desafio do CCE é ainda maior. “Queremos chegar mais perto do cidadão, para que haja mudança de fato na sociedade”, disse Paschoal.

Encontro Mensal

Com o objetivo de evidenciar e promover debates e reflexões sobre temas atuais e relevantes da área educacional, os Encontros Mensais do CCE já se tornaram referência para o público que prestigia o calendário de palestras voltadas ao tema e causa Educação. Educadores e demais interessados são presenças constantes nos Encontros, que são realizados geralmente na última quinta-feira de cada mês, a não ser em casos específicos. O evento é gratuito e aberto ao público.

 

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