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Distribuição irregular de chuvas confirma vulnerabilidade da região de Campinas e Piracicaba
Em janeiro de 2015 o cenário era outro: esse panorama não pode ser esquecido (Foto Adriano Rosa)

Distribuição irregular de chuvas confirma vulnerabilidade da região de Campinas e Piracicaba

O volume de chuvas no estado de São Paulo em 2015, de 1.502 mm, foi 6% superior à média dos 20 anos anteriores e 40% mais úmido do que o seco ano de 2014, quando registrados somente 1.066 mm de chuvas, situação que provocou um drama para os sistemas de abastecimento paulistas, como no caso do Sistema Cantareira. Entretanto, esses números representam apenas a média estadual, pois a região de Campinas e Piracicaba, localizada nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), por exemplo, teve mesmo em um ano de maior precipitação no âmbito estadual um volume de chuvas menor do que a média histórica, segundo o Relatório de Qualidade das Águas Superficiais do Estado de São Paulo 2015, que acaba de ser publicado pela Cetesb. O documento confirma que a região do PCJ continua muito vulnerável às mudanças climáticas.

A média histórica de chuvas na região de Campinas e Piracicaba é de 1.403 milímetros, mas em 2015 choveu 1342 mm nas bacias PCJ. Apenas não houve uma tragédia em termos de abastecimento na região, que já sofria o impacto da forte estiagem em 2014, porque choveu mais em 2015 na bacia do Alto Tietê, onde está a Grande São Paulo. Foram 1563 mm de chuvas no Alto Tietê, contra os 1409 mm da média histórica. Com maior volume de chuvas no Alto Tietê, houve um alívio maior em relação ao Cantareira, que pôde então continuar liberando um mínimo de água para a bacia do rio Piracicaba. Os dados deixam clara a vulnerabilidade da região de Campinas e Piracicaba aos eventos climáticos extremos, reforçando a necessidade de melhorar muito a segurança hídrica nas bacias PCJ.

Outras regiões de São Paulo também tiveram menor volume de chuvas em 2015 do que a média histórica, apesar da média geral maior de precipitação no estado. Na Baixada Santista, outro grande polo industrial e populacional do estado, choveu 2.356 mm em 2015, muito menos do que a média histórica, de 2.516 mm. No Litoral Sul também choveu menos em 2015 do que a média histórica: 1.527 mm contra 1.679 mm, respectivamente. Na cia do rio Mogi Guaçu, vizinha às bacias PCJ, choveu 1.425 mm em 2015, contra 1.277 mm da média histórica.

Regiões do interior tiveram déficit ainda maior. Na bacia do Baixo Pardo-Grande, choveu apenas 990 milímetros em 2015, contra 1.333 mm da média histórica.  Na bacia do Turvo-Grande, choveu 1.112 mm em 2015, contra 1.301 mm da média histórica.

Em contrapartida, choveu mais em outras bacias. No Médio Paranapanema, choveu 1.743 mm, contra 1.433 mm da média histórica. No Pontal do Paranapanema, choveu 1.797 mm em 2015, contra 1.388 mm da média histórica.

O relatório da Cetesb informa que as precipitações no período chuvoso foram distribuídas de forma irregular em 2015, com redução significativa nos meses de janeiro e dezembro e aumento significativo em setembro e novembro. O estado de São Paulo continua demandando maior segurança hídrica, sobretudo naquelas regiões de maior concentração populacional, como a própria Grande São Paulo e região de Campinas e Piracicaba, nas bacias PCJ. Mais um motivo para atenção especial da sociedade em relação à renovação da outorga do Sistema Cantareira e às mudanças climáticas.  (Por José Pedro Martins)

 

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