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Pamplona, a cidade dos touros que conquistou Hemingway
É quando o sol vai se pondo e a noitinha vai chegando que a cidade ganha vida (Foto Eduardo Gregori)

Pamplona, a cidade dos touros que conquistou Hemingway

Por Eduardo Gregori, de Pamplona, especial para a Agência Social de Notícias
Estou quase batendo o recorde de Ernest Hemingway. O escritor note-americano visitou Pamplona oito vezes e eu, com esta viagem, chego à minha sétima em cinco anos. Sim, houve um ano em que fui duas vezes. Você deve estar se perguntando o que faz um brasileiro atravessar um oceano inteiro para visitar uma pequena cidade no Nordeste da Espanha, principalmente um destino que não é tão badalado.
Bem, enquanto Hemingway se apaixonou pelas festas de San Fermín, aquela em que moradores e turistas do mundo inteiro correm como loucos de touros pelas ruas da cidade, Pamplona me cativa por ser como um feudo protegido por suas muralhas medievais que ainda estão de pé. Sou mineiro e muito da minha infância se passou em cidadezinhas, lugares onde as pessoas se conhecem e cultivam o hábito de se cumprimentar. Pamplona me traz esse aconchego. Uma espécie de mineirice do outro lado do Atlântico.
Hemingway se apaixonou pelas festas de San Fermín (Foto Divulgação)

Hemingway se apaixonou pelas festas de San Fermín (Foto Divulgação)

Mas se tem assim, um jeitinho de interior e com muito amor e respeito por suas tradições basco-navarras, a pequena cidade também se deixou conquistar pela animada e acolhedora cultura latina. Lembra de Despacito, hit do verão passado? A música já fazia sucesso nas casas noturnas de Pamplona muito tempo antes de aterrizar no Brasil.
Minha visita a Pamplona aconteceu no inverno, mas prefiro estar lá durante o verão. O inverno é chuvoso, muito frio e até pode nevar. Aliás, este ano nevou muito. As ruas espremidas por edifícios antigos e pintados em tons pastéis ganham um certo ar sombrio e triste sob a chuva e que em nada lembram dias ensolarados e quentes e noites em que o burburinho dos bares ecoam pelos becos apinhados de turistas, estudantes e moradores. Pamplona, durante o Verão, não deixa nada a desejar a Barcelona ou Madri. Claro que proporcionalmente. Afinal, não estamos em uma metrópole, mas a Cidade dos Touros tem muita “salsa”na veia.
A vida pulsa no Casco Antiguo (Foto Eduardo Gregori)

A vida pulsa no Casco Antiguo (Foto Eduardo Gregori)

O mais prazeroso de estar em Pamplona é não ter um roteiro pré-estabelecido do que ver e onde ir. Obviamente que existem inúmeros monumentos, mas a maneira pamplonesa de curtir o fim de tarde e a noite pelas ruas, acaba convidando o visitante a fazer o mesmo. É quando o sol vai se pondo e a noitinha vai chegando que a cidade ganha vida, principalmente no centro histórico, chamado de Casco Antiguo, onde ficam os bares mais tradicionais.
O costume local me lembra aquela música de Lulu dos Santos, Ela me Faz Tão Bem, que diz: “Errando de bar em bar”. Pois é, em Pamplona ninguém escolhe apenas um bar para ficar a noite toda. O gostoso é justamente bebericar em um e petiscar em um outro e, no caminho, ir esbarrando em pessoas do mundo inteiro. Boa desculpa para uma paquera, principalmente em dias em que bater um papo ou encontrar um par é coisa que se faz por aplicativos. E em Pamplona ninguém faz cara feia quando não há espaço e se compartilha um balcão ou uma mesa. Conheci gente dos quatro cantos do mundo, da Argentina ao Marrocos. E mesmo para quem não fala espanhol, muitos gestos e boas risadas estão garantidos.
O kalimotxo, bebida típica para acompanhar a noite (Foto Eduardo Gregori)

O kalimotxo, bebida típica para acompanhar a noite (Foto Eduardo Gregori)

Meu maior dilema quando saí pela primeira vez era saber o que iria beber. Imagine estar na terra dos vinhos mais apreciados do mundo e repetir os mesmos rótulos importados pelo Brasil? A maneira de curtir a vida do pamplonês surpreende até mesmo um “enochato”, aquele tipo que acredita que existem tipos de vinho para cada ocasião e que só combinam com certos tipos de comida. Esqueça isso!
Os mais ortodoxos podem escolher o Rioja, produzido com uvas da espécie Aragonez, cultivadas em Navarra, e mais ao Norte, na Comunidade Autónoma de La Rioja e na província de Álava, já no País Basco. O Rioja representa bem essa parte da Espanha ao reunir apenas uvas da região.
Já quem acredita que misturar vinho a outra bebida não seja um sacrilégio, deve provar o kalimotxo, bebida típica que nada mais é do que vinho com refrigerante de cola e gelo. E não tem esse lance de rótulo importante. Um bom kalimotxo é feito com vinho barato mesmo. É uma pedida, principalmente em dias quentes, pois é muito refrescante.
O mais prazeroso de estar em Pamplona é não ter um roteiro pré-estabelecido (Foto Eduardo Gregori)

O mais prazeroso de estar em Pamplona é não ter um roteiro pré-estabelecido (Foto Eduardo Gregori)

Andando pelo Centro fui parar na Calle Estafeta, a mais agitada da cidade. Ali fica, entre tantos, o Bodegón Sarria. O bar, condecorado pelo Guia Michelin, é todo trabalhado na decoração rústica, com mesas, cadeiras e balção em madeira maciça. O toque ibérico fica por conta das peças de pernis suínos penduradas atrás do balcão e, de onde só saem, para compor saborosos petiscos. O Bodegón Sarria é para comer bem e bater um bom papo. Quem quiser, além disso, curtir o incansável vaivém na rua, pode ficar em pequenos balcões no lado de fora, e que servem como mesas.
Apesar de sempre exaltar sua cultura, mesmo em um boteco, Pamplona tem bares para todos os gostos, como o Méson de La Navarrería, que fica pertinho do Bodegón. Lá a pegada é mais rock’n roll misturada com estilo nacionalista basco em um ambiente digamos assim, bem roots. Entre uma bebida e outra, um show de rock em eusquera, a língua do País Basco. Não entendi nada, mas quem disse que é preciso entender a letra para curtir uma boa música?
Depois de alguns copos de kalimotxo é bom forrar o estômago para não penar com a ressaca no dia seguinte. Pamplona tem bons restaurantes que servem de comida típica até pratos internacionais. Mas a botecagem, sem dúvida, é a melhor forma de conhecer a gastronomia local. A comida que mais representa a cidade e que o turista com certeza sentirá falta quando for embora é o pintxo.
Haja fôlego, pois a festa não acaba (Foto Eduardo Gregori)

Haja fôlego, pois a festa não acaba (Foto Eduardo Gregori)

Há quem diga que são uma espécie de petisco, mas os pintxos são verdadeiros pratos em escalas reduzidas. Há pintxos dos mais diversos, desde os de beringela aos de bacalhau. Provei algumas variedades no bar Txoko e no Café Iruña, e confesso, são mesmo uma delícia. Mas é no Bar Fiteiro que ganham um ingrediente especial: tradição. São 66 anos dedicados à culinária local. Foi na mesa do Fiteiro que conheci Fidel, garçom que está na casa há seis e que me conta que o pintxo é uma tradição para abrir o apetite. “Antes do jantar, faz parte do nosso costume sair para tomar umas taças de vinho e comer um ou dois pintxos. Sempre cai bem”, diz. Fidel fala rápido e com sotaque forte da região, o que me custa a entender, mas apaixonado pelo bar e muito simpático aos turistas, se esforça. E me convida para voltar, mas avisa para chegar cedo, porque encontrar uma mesa vazia no Fiteiro, só com muita sorte.
Aproveitei para provar o pintxo de bacalhau desfiado com pimentão e cebola. Como adoro bacalhau, pedi outro, só que empanado em tempurá e salpicado de pimentão. Dá para imaginar o sabor? Minha boca ainda enche d’água só de lembrar. Na mesa ao lado, contei um turista se deliciando com nada menos que 18 pinxtos. Bem, para quê comer uma refeição completa após esse abuso gastronômico?
E quando pensava que a festa estava acabando, não é que Pamplona, principalmente a partir das quintas-feiras, tem uma vida noturna que vai madrugada adentro? Haja fôlego, mas providencial para queimar as muitas calorias adquiridas de bar em bar.
Café Iruña, ponto obrigatório (Foto Eduardo Gregori)

Café Iruña, ponto obrigatório (Foto Eduardo Gregori)

Ao lado do pomposo Café Iruña, na praça principal da cidade, fica o descolado Subsuelo. É preciso ter paciência, pois a fila é gigantesca, mas vale a pena, principalmente para quem quer dançar muito, mas muito espremido. Esqueça o som bate-estaca típico das grandes cidades. Nas picapes o estilo é o electro latino, uma mistura de salsa, merengue e cúmbia com house music. Solte as cadeiras e se jogue na pista sem medo de ser feliz. No meio da noite ainda muitos clássicos em espanhol de artistas que conhecemos bem, como Shakira e Enrique Iglesias e até de brasileiros, como Anitta e o indefectível “Ai Se Eu Te Pego”, de Michel Teló.
Mas a madruga pamplonesa não fica apenas no Subsuelo. Para um viajante com quase 50 anos de idade como eu, um lugar mais low profile é o Café Zentral, também no centro histórico. Com pé direito alto e muito amplo, dá para dançar e bater um papo tranquilamente. O som segue a mesma linha do Subsuelo, mas com uma pegada mais anos 1980 e muitos hits que fizeram sucesso nessa época. O gostoso é que o público vai chegando de mansinho, ficando ao lado da pista, bebericando e fazendo uma espécie de aquecimento, até as 2h30, quando o lugar pega fogo. Aí é para se acabar até o sol nascer. O Zentral também promove shows com bandas e DJs da Espanha e estrangeiras, o que é bem interessante para conhecer artistas que não são tão conhecidos no Brasil. Nestes dias é preciso chegar mais cedo, pois a casa fica intransitável.
Se mesmo após uma verdadeira epopeia gastronômica protagonizada por pintxos e uma noite regada a muita bebida o visitante ainda quiser conhecer o melhor do cardápio pamplonês, deve provar pratos típicos, que na região têm como base os aspargos, alcachofras e os pimientos de piquillo (pimentões vermelhos de tamanho pequeno). No quesito carnes, o bom mesmo é o cordero al chilindrón (cordeiro guisado com batatas e pimentões). Outras opções incluem o bacalao al ajoarriero (bacalhau com pimentões verdes e vermelhos, tomates e pimenta cayena), acompanhado de ovo frito, pimientos rellenos (pimentão de piquillo recheado com molho bechamel) e o bacalao al Pil-Pil (bacalhau acompanhado de um molho coalhado, feito a partir do próprio caldo do pescado e azeite de oliva).
Entre tantos predicados que fazem de Pamplona um destino gostoso de se visitar é que, no trajeto entre um bar e outro, o turista pode ir conhecendo os pontos turísticos. Nada de marcar hora ou fazer roteiros apenas pela manhã ou à tarde. A cidade é segura e muito animada durante a noite.
Tomar um sorvete ou um gelato é fundamental após a agitação (Foto Eduardo Gregori)

Tomar um sorvete ou um gelato é fundamental após a agitação (Foto Eduardo Gregori)

A Plaza Del Castillo, onde ficam, por exemplo, o Txoko, o Café Iruña e o Subsuelo, além outros muitos bares e restaurantes, é o epicentro da cidade. O mais engraçado é que, apesar do nome, não há um castelo no lugar. Ele foi derrubado há séculos, mas o nome permanece. Sempre há algo acontecendo na praça, seja uma apresentação de uma trupe de teatro, ou uma banda de heavy metal. Katrina & The Waves, que ficaram famosos nos anos 1980 com a música “Waking on Sunshine” e até mesmo o Sepultura fizeram shows lá.
Um lugar que perfeitamente pode ser visto, pelo menos do lado de fora, durante a baladinha e outra, é o Ayuntamento, prédio da prefeitura ao lado do Café Zentral. A edificação é onde acontecem as principais cerimônias oficiais da cidade, incluindo o chupinazo, cerimônia que dá início às festas de San Fermín. Ali também fica também a bela Igreja de São Saturnino. Em estilo gótico, sua torre iluminada é um dos cartões postais da cidade.
No final da noite voltei para o hotel a pé e aproveitei para caminhar até a Avenida Del Ejército, onde fica o monumento mais emblemático da cidade: a Ciudadela. É uma fortificação protegida por muralhas e que hoje é um agradável parque. Na madrugada consegui apenas caminhar ao longo do muro, mas voltei no final da tarde do outro dia para ver as construções que ficam dentro e tive uma grata surpresa ao me deparar com uma sessão de cinema ao ar livre. Na Ciudadela ficam  construções históricas, como o Fortín de San Bartolomé, um dos fortes originais da cidade medieval, e que, atualmente, funciona como museu.
Se durante a noite Pamplona ferve, durante o dia a cidade volta a ter aquele jeitinho mineiro do interior e com direito a sesta e lojinhas fechadas durante a tarde. Aproveitei esse interlúdio para conhecer outros lugares que não consegui ir durante a noite, como o Monumento Al Encierro, na Avenida Roncesvalles. A obra em bronze é uma homenagem às festas de San Fermín. O monumento fica bem num dos principais calçadões da cidade, repleto de lojas que fecham por volta da 1h da tarde e reabrem após a sesta, lá pelas 5h e funcionam até tarde da noite. Uma tentação para quem gosta de comprar. E de quebra ainda dá pra emendar na baladinha, que recomeça com o cair da noite.
É óbvio que conhecer Pamplona não se limita à noite. Aproveitar o verão por lá é caminhar pelo Centro em dias ensolarados e se deparar com templos belíssimos, como Catedral de Santa Maria La Real, que abriga as sepulturas de alguns dos monarcas de Navarra, além de um gigantesco acervo de peças de arte sacra. E o melhor, não é preciso pagar nada para entrar.
Monumentos históricos estão muito bem preservados (Foto Eduardo Gregori)

Monumentos históricos estão muito bem preservados (Foto Eduardo Gregori)

Outra coisa gostosa de se fazer Pamplona durante o dia é tomar um sorvete ou um gelato. A cidade tem várias sorveterias espalhadas pelas esquinas. Cada sorvete mais saboroso do que o outro, de pistache ao chocolate belga. E tem também os churros, deliciosamente recheados com doce de leite ou chocolate e salpicados de de açúcar ou canela . As churrerias, como são chamadas por lá, vendem desde uma unidade, maior e mais bem-recheada, ou em uma cestinha, com uma porção de deles em tamanho menor. Tudo frito e recheado na frente do cliente. Haja calorias nesse passeio!
Uma coisa interessante de se observar nas ruas do Centro são as marcas do Caminho de Santiago. Pamplona faz parte da rota de peregrinos que viajam por estas bandas da Europa em direção ao templo de Santiago, há 700 kms, na cidade de Santiago de Compostela. As pequenas placas fixadas no chão das calçadas, mostram a direção e a distância.
Se fartou da noite, das comidas e já viu tudo? Não tem problema. Como Pamplona é uma cidade relativamente pequena, aproveite a estadia para conhecer lugares próximos, como o Monastério de San Salvador de Leyre, a apenas 9 kms, na cidade de Yesa. Lugar de meditação, o templo que guarda os restos mortais dos primeiros reis de Navarra, é um verdadeiro museu com sua abobada gótica e a Porta Speciosa, um portal românico do século XII. A visita fica ainda mais especial durante as horas canônicas dos monges, celebradas com canto gregoriano. O monastério tem uma programação cultural com concertos de coral e órgão.
Arquitetura rica e diversificada (Foto Eduardo Gregori)

Arquitetura rica e diversificada (Foto Eduardo Gregori)

A Disney da Europa fica em Paris, mas em Olite, povoado a 40 kms de Pamplona tem uma construção típica dos contos de fadas. Walt Disney se inspirou no Castelo de Olite para erguer um para sua Cinderela, na Disneylândia, nos EUA. O castelo do XIII, corte dos reis de Navarra, é aberto ao público. Durante a visita é possível entrar em amplas salas, nos aposentos mais íntimos dos monarcas e caminhar pelos jardins. O ingresso custa 3,50 euros. Com guia paga-se mais 1 euro. Dei uma esticada até a igreja de Santa Maria, que fica ao lado do palácio, outra obra de arte. Para ver o templo, é preciso desembolsar mais 1,50. Ainda em Olite, outra relíquia  é a igreja de São Pedro. Apesar de mal conservada, abriga obras sacras e não se paga nada para entrar.
Nos arredores de Pamplona, outro castelo para ver é o de Xavier, ou Javier, que fica no município de Javier, a 52 kms. Na fortificação muçulmana do século X nasceu São Francisco Xavier, missionário católico cofundador da Companhia de Jesus. É um lugar de peregrinação, chamada de Javierada, e que ocorre durante o mês de março. O castelo abriga obras sacras que exaltam a vida de Francisco Xavier. Anexo fica a basílica, aberta à visitação e com missas regulares. A entrada tem um preço básico, apenas 5 euros para o castelo e gratuito para a igreja.
Você pode estar se perguntando como chegar a Pamplona. Bem, a cidade acaba de ampliar sua ligação com as principais centros europeus. O Aeroporto de Noain/Pamplona, que mantém voos regulares para o Aeroporto de Barajas, em Madri, foi conectado recentemente à Frankfurt, com três voos semanais. De Madri, o voo dura apenas 45 minutos e de Frankfurt são duas horas. Outra opção é ir de trem. Há ligações de Madri, Barcelona, Zaragoza e de outras cidades espanholas, como Irún, Vitoria e Gijón. A malha ferroviária também permite viajar para a capital de Navarra com conexões desde outras cidades, incluindo outros países como Portugal e França. O percurso entre Madri e Pamplona dura três horas e é realizado em trens confortáveis. E se bater uma fominha, há um vagão-lanchonete disponível com café, refrigerantes, sucos e lanches.
Se o avião ou o trem não estiverem nos planos, a rodoviária de Pamplona tem linhas diretas diariamente ao Aeroporto de Madri. Uma dica para comprar passagens de trem e ônibus é habilitar transações internacionais do cartão de crédito (mesmo comprando a passagem no Brasil, nos sites das empresas), ou a administradora poderá negar a operação.
Por fim, é possível alugar um carro e se aventurar pelas estradas espanholas. A carteira de habilitação brasileira tem validade de 180 dias a partir da data de entrada no país. A ligação entre Madri e Pamplona é feita por rodovias muito bem cuidadas. Porém, prepare o bolso. Fiz o percurso na volta de carro e perdi a conta do número de pedágios. Alguns aceitam cartão de crédito e outros apenas dinheiro vivo. O que incomoda um pouco na viagem de carro é a impaciência dos motoristas na passagem pelo pedágio. Confesso que deixei algumas moedas a mais nas passagens automáticas, pois não estava a fim de ouvir buzinaços atrás de mim a cada parada.
A música é uma das marcas culturais do País Basco (Foto Eduardo Gregori)

A música é uma das marcas culturais da região (Foto Eduardo Gregori)

E onde vou me hospedar? Apesar de Pamplona contar com uma rede hoteleira razoável, preferi alugar um apartamento. Prédios afastados do Centro e da região turística saem mais em conta. Foram 500 euros por 30 dias de hospedagem com tudo incluído, desde o condomínio, consumo de água, gás e energia elétrica. Uma verdadeira pechincha.
Quem não pensa em alugar, pode escolher entre os variados tipos e estilos de hotéis. Se o bolso estiver apertado, é possível ficar em um hostel no Centro, ou próximo da Universidade de Navarra. Há também acomodações em redes de baixo custo, também distantes do Centro. Já os hotéis mais tradicionais e com estrelas ficam na região central e são, obviamente mais caros. Uma opção que está na moda são as casas rurais nas imediações da cidade. Os preços variam de 38 a 180 euros a diária dependendo da temporada. Estes valores explodem durante as festas de San Fermín, quando a procura é grande.
Antes de se despedir desse destino incrível, não se esqueça de levar uma lembrancinha, ou várias. Entre as incontáveis lojas, a Regalos Estafeta é a mais antiga da cidade. Aberta há 62 anos bem no Centro, a loja se dedica exclusivamente a artigos típicos. Quem me convidou para entrar foi Ernesto Larequi, que toca o negócio com a esposa há quase cinquenta anos. Entrar nesta pitoresca lojinha é esquecer do tempo. Então, se você está com pressa, melhor nem ir.  Ernesto me conta que sempre tem novidades, mas, o que encanta o turista são itens tradicionais, como um pequeno touro para crianças, camisetas, além de réplicas em escala reduzida dos gigantes que tomam as ruas da cidade durante as festividades de San Férmim. “Quando os gigantes dançam pelas ruas de Pamplona, atraem muita gente. Os turistas ficam enlouquecidos”, diverte-se ao meu mostrar uma versão feita em borracha, que acabei trazendo para casa.
Assim como a esposa, Ernesto é pura simpatia e não se cansa de mostrar cada cantinho da loja, sem se importar se vai vender ou não. “Aqui em Pamplona procuramos ser simpáticos e amáveis. Fico feliz em poder mostrar e falar dos símbolos que representam as nossas tradições e não apenas os das festas de San Férmin. Quando um turista leva algo daqui, ele está espalhando pelo mundo a nossa cultura”, diz com um incansável sorriso nos lábios. Difícil deixar o local sem algo para deixar a mala ainda mais pesada na volta.
* Eduardo Gregori é jornalista especializado em viagens e editor do site Eu Por Aí (www.euporai.com.br)

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