Um cineasta militante, um criador que utiliza a linguagem do documentário para abordar alguns dos principais dilemas sociais e políticos da América Latina. Assim é o realizador argentino, radicado há anos no Brasil, Carlos Pronzato, tema do Ciclo de Cinema Documental que Campinas recebe entre os dias 26 de abril e 1º de maio, em diversos espaços, como Museu da Imagem e do Som (MIS), Casa de Cultura Tainã, CEU da Vila Esperança, Espaço Cultural Maria Monteiro, CEU Florence, além de um circuito nas escolas.
A programação será encerrada no Largo do Rosário, no dia 1º de maio, terça-feira, às 18h30, com “1917, A Greve geral”, uma das produções emblemáticas do diretor, que estará presente durante a apresentação. Todas as sessões têm entrada gratuita.
“A iniciativa, que busca colocar no foco nossos principais documentaristas, se concretiza como mais uma atividade no intuito de problematizar a linguagem do documentário, o que temos incentivado nesses tempos de disponibilidade tecnológica e de registros imagéticos afluentes, e apontado para sua importância na trama da preservação da memória social e dos registros históricos contemporâneos”, afirma a curadoria do ciclo, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura.
Exibição de “1917: A Greve Geral” terá a presença do diretor
Trajetória militante – Carlos Pronzato é cineasta, diretor teatral e poeta. Suas obras audiovisuais e literárias destacam-se pelo compromisso com a cultura, a memória e as lutas populares. Já tratou de alguns dos momentos históricos cruciais para os movimentos sociais, como a greve geral de 1917, a resistência no Brasil e em vários países da América Latina contra as ditaduras das décadas de 1960 a 1980 e a denúncia da Operação Condor, exatamente a ação conjunta dos militares no continente naquele período. Nomes paradigmáticos, como os das Mães da Praça de Maio na Argentina, Salvador Allende no Chile e Carlos Marighella no Brasil, já foram objeto de documentários do diretor.
Também está muito atento às questões contemporâneas, tratando de eventos como as jornadas de junho de 2013 no Brasil, o movimento Passe Livre, a ação policial contra a ocupação do Pinheirinho em São José dos Campos em 2012, a Guerra da Água na Bolívia, transgênicos e a ocupação de escolas por estudantes secundaristas de São Paulo em 2015. Escola Sem Partido, dívida externa, terceirização e questão indígena também foram documentados por Pronzato, que ainda se dedicou a grandes nomes da literatura latino-americana, como Euclides da Cunha, Castro Alves, Jorge Amado, Zelia Gattai e as dramaturgas afro-argentinas Carmen Platero y Susana Platero.
Sua obra editorial é imensa, com livros como “Che, um poema guerrilheiro” (Plena Editorial/ São Paulo – SP/ 2010/ 64 p.), “O Milagre da Luz e Outros Contos em Trastevere” (Roma, Editora Multifoco/ Rio de Janeiro – RJ/ 2016/ 152 p./ Português e Espanhol), “Teatro 3/Dramaturgia” (Editora BDA/ Salvador- BA/ 1996/ 124 p.), “O Anel Mágico e a Estrelinha Feliz/ Teatro infantil” (Petrográfica/ Salvador-BA/ 1999/ 90 p.) e “22 de abril nas costas do Brasil, os índios nas comemorações dos 500 anos/ Conto-Crônica” (Photograf/ Salvador-BA/ 2001/ 60 p.)