Aos poucos as ruas de Campinas vão retomando alguma normalidade, se é que é possível falar em normalidade em tempos de pandemia e quando o isolamento social e quarentena continuam sendo a melhor arma de prevenção contra a Covid-19. Aliás, tem sido preocupante a queda nos níveis de isolamento, o que levou o governo estadual a negar em um primeiro momento o plano de flexibilização apresentado pela Prefeitura Municipal.
De qualquer modo, uma nova cidade vai surgindo e ela com certeza parece que vai incorporar a máscara como uma peça permanente de vestuário, assim como já ocorria com frequência em países da Ásia, em função dos altos níveis de poluição.
Mas na realidade com a pandemia caíram outras máscaras, revelando ou reiterando as contradições que as grandes cidades brasileiras exibem no cotidiano. A população mais vulnerável, dos idosos, dos moradores de rua, dos trabalhadores de forma geral, é a que mais sai aos espaços públicos, em razão de suas urgências, e com isso fica mais exposta. É o que aconteceu na epidemia de Febre Amarela, que quase devastou Campinas, no final do século 19: quem podia saía da cidade, quem ficava estava mais sujeito à contaminação.
O mais inquietante, no cenário brasileiro, é a crise politica se mesclando com a gravíssima crise sanitária. Crise política derivada da postura no mínimo equivocada, anti-vida, do presidente da República em relação à pandemia. Que as ruas de Campinas, e demais 5500 cidades brasileiras, logo voltem a ser cheias de alegria e esperança.