Nesta semana, a Rede Juntos pela Educação Integral fez uma imersão no conceito de Cidade Educadora, em função de vários eventos na capital paulista. Na próxima semana, a Rede estará presente em atividades no Projeto Âncora, em Cotia, na Grande São Paulo, que se transformou em referência nacional de inovação educacional.
Cidade Educadora é um dos conceitos mais instigantes na área educacional na sociedade contemporânea. Apesar de experiências e reflexões sobre o tema serem antigas, foi a partir do Relatório “Aprender a Ser”, de 1972, que o conceito tornou-se de fato conhecido e mais divulgado. O documento, encomendado pela Unesco, também é conhecido como Relatório Faure, porque foi fruto de trabalho coordenado por Edgar Faure.
Basicamente Cidade Educadora parte do princípio de que toda a cidade deve se preocupar com a educação, que não se limita, portanto, aos muros das escolas, fundamentais e pilares neste processo. Em uma comunidade local, escola e outras organizações passam a unir forças pela educação integral. Todo local dessa comunidade, uma praça, um espaço cultural (biblioteca, cinema ou outro), um serviço público (centro de saúde etc) se tornam territórios de ensino e aprendizagem, visando uma educação para a vida toda.
Pois esse conceito esteve no centro do Seminário Comunidade e Escola: semeando a Cidade Educadora, realizado nesta sexta-feira, dia 6 de março, em São Paulo, com a participação de vários representantes da Rede Juntos pela Educação Integral. A Rede Juntos pela Educação Integral tem apoio do Fundo Juntos pela Educação, formado por Instituto Arcor Brasil e do Instituto C&A.
Seminário – O Seminário foi uma iniciativa da Assoicação Cidade Escola Aprendiz, em parceria com a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (UMAPaz), com apoio do Centro de Referências em Educação Integral e do Portal Aprendiz.
O seminário contou com duas mesas de debate – “A Comunidade na Cidade Educadora” e a “Escola na Cidade Educadora” – e um espaço de “café e prosa”, onde foram expostas experiências de bairros-escolas num ambiente de troca de ideias. Participaram como expositores, entre outros, o economista Ladislau Dowbor, a educadora e arquiteta Bia Goulart e o Bairro Educador de Heliópolis.
Entre os participantes do Seminário, membros da Rede Juntos pela Educação Integral que já vivenciam, na prática, uma experiência muito próxima do conceito de Cidade Educadora, no distrito rural de de Cachoeira, no município de Maranguape, interior do Ceará. Nesta comunidade, a Escola Municipal “José de Moura”, o Ecomuseu de Maranguape (instalado em um casarão histórico) e várias organizações locais procuram tornar todo território em uma motivação para a aprendizagem viva, integral.
“O que vimos no Seminário foi muito importante para podermos praticar em nosso trabalho, que visa a educação integral”, comenta Maria Alice de Lima Freire, educadora do Ecomuseu de Maranguape, que participa da viagem a São Paulo. “Nós visamos uma educação baseada na diversidade, e o Seminário tocou em muitos pontos a respeito”, afirma Maria Alice.
De forma associada ao Seminário, e no espírito da Cidade Educadora, houve uma visita ao Parque do Ibirapuera, onde foi acentuada a questão ambiental. “A educação ambiental é cada vez mais importante para a educação integral, este ponto é fundamental para o Ecomuseu”, assinala a educadora de Maranguape.
Visitas – A participação da Rede Juntos pela Educação Integral no Seminário foi antecedida por várias visitas da equipe a diversos equipamentos educacionais e culturais de São Paulo. São espaços para uma educação atraente e pulsante, muito afinada com o conceito de Cidade Educadora.
A equipe visitou, inicialmente, o Museu Catavento, instalado no antigo Palácio das Indústrias, no centro de São Paulo, que já foi sede da Assembleia Legislativa e Prefeitura de São Paulo. O Museu Catavento é dedicado às ciências e promove exposições, atividades culturais e educacionais, tendo como pano de fundo uma arquitetura estimulante. “Foi uma ótima visita, pois o Museu Catavento tem várias atividades que proporcionam uma educação interessante, como o Ecomuseu procura fazer em Cachoeira”, comenta a educadora Maria Alice.
A visita seguinte foi à Escola EMEF Desembargador Amorim Lima, que tem um Projeto Político Pedagógico diferenciado, inspirado na Escola da Ponte, de Portugal. No Amorim, cada aluno tem um educador tutor. Esse educador é responsável pela avaliação do progresso do estudante. Cada aluno recebe ao longo do ano apostilas com roteiros de pesquisa, base do processo de ensino e aprendizagem.
Quando acaba de preencher o seu roteiro, o aluno escreve um portfólio, com tudo que aprendeu com aquele roteiro e entrega para o tutor, que avalia se ele pode receber a apostila seguinte, com os demais roteiros. Não há provas. O progresso do conhecimento é avaliado pela qualidade dos portfólios e pela participação do aluno na escola. O Projeto Político Pedagógico foi implantado com ampla participação das famílias, alunos e educadores, sob a coordenação da diretora Ana Elisa Siqueira. “Foi uma visita muito boa. A metodologia da escola é estimulante”, descreve a educadora do Ecomuseu de Maranguape Maria Alice Freire.
Próxima parada, o universo mágico do Museu da Língua Portuguesa. Uma imersão na história do idioma “que é a base do ensino e da aprendizagem no Brasil”, como destaca Maria Alice. “É muito importante conhecer essa história, pois é a nossa identidade”, ela completa.
A equipe da Rede Juntos pela Educação Integral, que está atuando inicialmente na Região Nordeste, visita o Projeto Âncora, em Cotia, que tem entre seus colaboradores o educador José Pacheco, ex-diretor da Escola da Ponte.
Em Cotia, a equipe da Rede Juntos pela Educação Integral estará participando de uma formação no Projeto Âncora, acompanhará a dinâmica da escola e participará das reuniões e outras atividades da gestão.
Em duas semanas, um roteiro inesquecível para todos os membros da equipe da Rede Juntos pela Educação Integral. Novos estímulos para novas trilhas educacionais.
O propósito da Rede, como nota o seu coordenador, Márcio Carvalhal, é que o intercâmbio contribua para a construção da metodologia própria em educação integral “Será um momento muito importante como subsídio ao planejamento da formação que iremos oferecer para as nossas escolas parcerias”, diz Carvalhal. Atualmente a Rede tem várias escolas parceiras em Fortaleza (CE) e outras cidades da Região Metropolitana, como Maranguape. (Por José Pedro Martins)
Um comentário
Pingback: Rede Juntos pela Educação Integral reflete sobre Cidade Educadora | Fundação FEAC