O Brasil tem 16,4 mil quilômetros, dos 105 mil km de rios federais, em estado crítico, do ponto de vista qualitativo ou quantitativo. A estimativa é da Agência Nacional de Águas (ANA), em estudo sobre a crise hídrica no país. A ANA é responsável pela gestão dos rios de domínio da União, aqueles que atravessam mais de um estado. De acordo com a Agência, as bacias do Alto Tietê (onde está a Grande São Paulo) e dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ, onde fica a região de Campinas), têm um cenário crítico tanto em termos qualitativos como quantitativos.
O estudo da ANA (“Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil”) avaliou que a maior parte do país “encontra-se em condição satisfatória quanto à quantidade e à qualidade de água”. Destacam-se nesse sentido as regiões hidrográficas Amazônica, Tocantins-Araguaia e Paraguai, correspondendo às regiões Norte e Centro-Oeste, “onde a demanda pelo uso da água é bem inferior às demais regiões”.
A Região Nordeste, por outro lado, “possui grande ocorrência de rios classificados com criticidade quantitativa devido à baixa disponibilidade hídrica dos corpos d´água”.
Do mesmo modo, rios localizados em regiões metropolitanas, como as das bacias do Alto Tietê, PCJ e Paraíba do Sul, em São Paulo e Rio de Janeiro, “apresentam criticidade quali-quantitativa, tendo em vista a alta demanda de água existente e a grande quantidade de carga orgânica lançada aos rios”. Ou seja, falta tratamento de esgoto nessas regiões altamente populosas e com alta demanda de água.
Na Região Sul do país, acrescenta a ANA, muitos rios possuem criticidade quantitativa, devido à grande demanda para irrigação, sobretudo para o arroz inundado.
As regiões com alta criticidade de água, em termos qualitativos ou quantitativos, ou ambos, são aquelas que, para a ANA, independente ou não de eventos extremos, como a grande estiagem de 2014, “requerem atenção especial em função do balanço quali-quantitativo, pois representam áreas de conflito, seja pela concorrência entre usos, seja pela baixa oferta de água, ou pela combinação de ambos os fatores”. A Agência conclui que a ocorrência de eventos extremos que representem acentuada escassez hídrica “agravam ainda mais o problema de oferta de água nessas bacias”.