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CCLA sedia exposição sobre suplementos literários dos jornais de Campinas
O jornalista João Antônio Buhrer de Almeida, organização da exposição sobre os suplementos literários de Campinas (Foto José Pedro Martins)

CCLA sedia exposição sobre suplementos literários dos jornais de Campinas

Durante muito tempo os suplementos literários, publicados em vários jornais e revistas em todo país, foram o principal espaço de discussão e divulgação dos diversos gêneros, estilos e vozes da literatura brasileira. Atualmente é rara a publicação de um suplemento literário em órgão de imprensa, mas uma exposição que começa neste quarta-feira, 18 de novembro, a partir das 16 horas, no Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), com entrada grátis, joga luzes sobre os suplementos editados desde a década de 1950 pelos jornais de Campinas. Estes suplementos foram determinantes para a formação de gerações de leitores críticos e sua ausência apenas reforça a necessidade de abertura de novos territórios para a produção literária campineira e nacional.

A organização da exposição é do jornalista João Antônio Buhrer de Almeida, que há tempos se dedica à pesquisa e divulgação de materiais que dão enorme contribuição para o entendimento da trajetória das artes e cultura em geral em Campinas e também no país. Buhrer foi o curador, por exemplo, da exposição “65 anos de cinema de arte em Campinas”, que o próprio CCLA sediou a partir de 15 de julho deste ano.

Agora o jornalista narra a evolução dos suplementos literários de Campinas e confessa que um deles “fez a sua cabeça” desde cedo. No caso, o suplemento “Minarete”, que o “Correio Popular” publicou a partir de janeiro de 1957 e que tinha como redator o jornalista Isolino Siqueira, que foi, aliás, o “padrinho” do ingresso de Buhrer na Academia Campinense de Letras.

Em seguida, lembra Buhrer, apareceu o “Estante & Prelo”, criado em outubro de 1960 no “Diário do Povo”, e que tinha como redator Rubem Costa, depois sucedido pelo lendário Luso Ventura. Nos meses finais de 1968, lembra o jornalista-curador, “Estante & Prelo” era conduzido por Tarcísio Sigrist, poeta vinculado ao movimento denominado “Instauração Práxis”.

Passo seguinte, em uma sexta-feira, 13, de março de 1981, o mesmo “Correio Popular” passou a editar a página “Contexto!”, editada por Adir Giliotti e que tinha como colaboradores, entre outros, Luiz Carlos Ribeiro Borges, Rolf de Luna Fonseca, Paulo Franchetti e Alcir Pécora – todos eles referências para a cultura de Campinas.

"Domingo Cultura", um dos mais importantes suplementos literários publicados na imprensa de Campinas (Reprodução)

“Domingo Cultura”, um dos mais importantes suplementos literários publicados na imprensa de Campinas (Reprodução)

O mesmo “Correio Popular”  foi o responsável pela edição, entre agosto de 1982 e julho de 1983, daquela que Buhrer qualifica como a “experiência literária mais consistente e abrangente”. Foi o “Domingo Cultura”, editado pelo jornalista e escritor Eustáquio Gomes, que tinha como parceiro, entre outros, Roberto Goto.

Inicialmente uma página, “Domingo Cultura” evoluiu para um suplemento em formato tabloide, com oito páginas e somando 50 edições. Entre outros, o suplemento divulgou textos de autores que se projetariam no cenário nacional, como o poeta Carlos Vogt (que seria reitor da Unicamp), a ensaísta e crítica literária Marisa Lajolo e os escritores Heládio Brito, Regis de Moraes e Oscar Mellin.

Para João Antônio Buhrer de Almeida, a publicação, em julho de 1983, da edição de número 50, a última, de “Domingo Cultura”, representou o fim de uma era. Para ele, a publicação tratava-se do “marco maior, e derradeiro, dos suplementos literários dos jornais de Campinas ao longo dos últimos cinquenta anos”.

Há três décadas, portanto, Campinas não tem um suplemento literário. A exposição aberta nesta quarta-feira provoca uma grande reflexão nos amantes da literatura na cidade onde – como exemplo de sua importância para o segmento – foram revisados os originais de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. No caso, no próprio Centro de Ciências, Letras e Artes, que acaba de completar 114 anos, sempre atento e provocador de discussões sobre a cultura local e nacional. (Por José Pedro Martins)                

 

 

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