O avanço do desmatamento do Cerrado brasileiro e as ações pela redução do desflorestamento na Amazônia são destaque no relatório “Perspectiva Mundial sobre a Diversidade Biológica 4″, lançado hoje, 8 de outubro, em Pyeongchang, na Coréia do Sul, onde está sendo realizada a COP-12, décima segunda reunião dos países que assinaram a Convenção da Diversidade Biológica (CDB). O documento, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), informa sobre o estágio atual e perspectivas de cumprimento da Convenção.
O documento destaca que houve uma redução do desmatamento na Amazônia na última década, como fruto de “uma ampla gama de iniciativas públicas e privadas inter-relacionadas, coordenadas através do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia, lançado em 2004″. O relatório cita ações como o monitoramento da cobertura florestal em tempo real por satélite, restrição ao crédito a proprietários rurais com altas taxas de desmatamento, “expansão de áreas protegidas e demarcação de terras indígenas”, segundo o documento.
Entretanto, o documento da agência ambiental das Nações Unidas afirma que permanecem desafios em termos da proteção da biodiversidade no Brasil, decorrentes de como “conciliar as demandas contrapostas de expansão da produção agrícola e da conservação florestal”. Aí o documento cita o caso do Cerrado, “onde as taxas de desmatamento continuam altas”. Mais de 50% do Cerrado já foram desmatados e convertidos em área agrícola, nota o documento. O relatório observa que “os aumentos projetados na produção agrícola do Brasil podem ser obtidos facilmente dentro da área existente dedicada a cultivos e terras de pastagem com aumentos plausíveis na produtividade destas terras, permitindo a restauração florestal”.
De fato, a taxa de desmatamento na Amazônia vinha decrescendo de modo substantivo desde 2004, quando superou a faixa de 25 mil quilômetros quadrados por ano, o que já havia ocorrido em 1995. Mas desde 2005 as taxas anuais médias diminuíram, até atingir 4.571km² desmatados entre 2011 e 2012. Entre 2012 e 2013 voltou a subir, para 5.891km², ou 29% a mais do que a média do período anterior.
Segundo maior bioma brasileiro, com 2 milhões de quilômetros quadrados e cobrindo 22% do território nacional, o Cerrado passa por muitas ameaças, como o aumento do desmatamento e o avanço da fronteira agrícola para exportação de grãos e pastagem para gado bovino. 39% do território correspondem a áreas com uso humano e 0,60% são cobertos por água. A vegetação nativa florestal responde por 37% do território e a vegetação nativa não florestal, por 23%. De fato, o Cerrado é o bioma mais ameaçado pela expansão da fronteira agrícola, que tem ocorrido de forma acelerada no Brasil. Entre 1940 e 2006, a área total com atividades agropecuárias no Brasil cresceu de 1,5 milhão para 2,5 milhão de quilômetros quadrados, segundo o IBGE. Com 11 mil espécies de plantas nativas, sendo 4.400 endêmicas, o Cerrado é a savana mais rica em biodiversidade no planeta.