Livros e ideias, o processo de criação e construção e os conceitos atrás de cada projeto. A Editora Quatro Cantos estará apresentando seu trabalho na segunda edição da Feira SUB de Arte Impressa e Publicações Independentes, neste sábado, dia 16 de setembro, na Biblioteca Municipal “Prof.Ernesto Manoel Zink”, em Campinas.
Fundador e editor da Quatro Cantos, Renato Rodrigues conta que o selo começou a publicar em 2012. “Nossa ideia inicial era publicar autores nacionais que não vinham tendo oportunidade no cenário editorial”, lembra ele.
O primeiro livro, “Violenta”, do dramaturgo Eduardo Ruiz, é de poesia. Com o tempo, a editora passou a se dedicar mais aos livros infanto-juvenis e por esse trabalho a Quatro Cantos acabou recebendo alguns prêmios.
Em 2014 veio o Jabuti Infantil com “Da Guerra dos Mares e das Areias” (também Prêmio 30 Melhores da Crescer), de Pedro Veludo e Murilo Silva. Outro livro, “Ralf & Demi: uma história de duas metades”, de Felipe Schuery e Clara Gavilan, também foi 30 Melhores da Crescer.
No ano seguinte, “História de uma linha”, de Silvana B. Massera e Silvia Amstalden, recebeu o prêmio Miolo(s) de ilustração e foi incluído no Catálogo brasileiro da FNLIJ para a Feira de Bolonha.
Página de “Da guerra dos mares e das areias”
Em 2016, “O labatruz e outras desventuras”, de Judith Nogueira, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Juvenil. Sinal de que a editora não abandonou a poesia, em 2016 o livro “As rugosidades do caos”, de Luis Dolhnikoff, foi finalista do Prêmio Jabuti.
“Procuramos, além de formatar as histórias em um projeto gráfico, acrescentar alguma individualidade gráfica que valorize o texto”, explica Renato Rodrigues. Como exemplo, ele cita que, no livro “Da Guerra dos Mares e das Areias”, os personagens são feitos a partir de patterns individuais que coletivamente formam figuras que representam os Mares, as Areias, a Lua, o Búzio rosado… “O resultado ficou muito bonito e diferente do que se tem no mercado. Desse modo, procuramos nos aproximar um pouco da arte pura por seu viés inovador, mas ao mesmo tempo permitir que o objeto livro seja viável”.
“Violenta”, de Eduardo Ruiz, poeta, ator, dramaturgo e diretor teatral
Outra peculiaridade são as capitulares feitas por Rosana Martinelli para o livro “O labatruz e outras desventuras”. “Ao mesmo tempo que valorizamos a questão artística, procuramos tratar de temas sensíveis ou tabus. Os contos de O labatruz e outras desventuras falam sobre solidão, frustração e finitude”, destaca Rodrigues.
Em “Seu pesadelo foi você quem inventou!”, de Rosana Martinelli e Clara Gavilan, a autora pioneiramente fala do mecanismo de formação dos sonhos para crianças, sob a óptica freudiana, como uma realização de desejo. As ilustrações desse livro trazem muitas referências das obras de Dalí, influenciado pelos conceitos elaborados por Freud.
Nessa linha “O pinguim azul de Miguel”, de Rosana Martinelli e Mariana Belém, procura quebrar estereótipos sociais. “O texto não problematiza nenhuma questão, mas as ilustrações fogem ao padrão e vêm para quebrar a ideia pré-formada que a criança possa ter”, esclarece o editor.
Mais um exemplo são as ilustrações do André Monteiro Pato para “Poemas e outros bichos”, de Cintia Alves, objetos tridimensionais feitos exclusivamente para ilustrar o livro. “Enfim, procuramos sempre por uma inovação artística e cultural”, complementa Rodrigues.
“História de uma linha”, de Silvana Beraldo Massera, com ilustrações de Silvia Amstalden, vencedor do Prêmio Miolo (Ilustração) e escolhido para o catálogo da feira de Bolonha 2016
Na Feira SUB deste sábado, em Campinas, a Editora Quatro Cantos vai apresentar “os detalhes e as ideias que levaram ao projeto gráfico. Quem desejar conhecer, além das histórias dos livros, as ideias que conduziram nosso caminho ao objeto livro, é só passar por lá”, avisa Rodrigues.
Ele afirma estar muito contente em participar do evento e apresentar o trabalho da Quatro Cantos. “Achamos que vai ser uma grande oportunidade de falar, ver e ouvir os artistas gráficos que procuram inovar artisticamente”, sublinha.
Para Renato Rodrigues, por serem independentes muitas publicações acabam sendo postas à margem da produção. “Poucos artistas conseguem um espaço para expor em livrarias tradicionais, e a Feira SUB permite que esses artistas mostrem ao público interessado trabalhos de grande relevância artística, que tem caracterizado a produção independente brasileira. O cenário brasileiro é instigante e ativo”, finaliza o editor da Quatro Cantos, um dos mais de 70 expositores que estarão na Feira SUB 2017.
A Feira SUB é uma iniciativa do The Mix Bazar e tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Campinas, Instituto CPFL e Agência Social de Notícias. A entrada é grátis. A programação será intensa, das 11 às 21 horas.
Página de “O pinguim azul de Miguel”, de Rosana Martineli, ilustração de Mariana Belém