A região de Campinas, localizada no contexto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), terá uma séria diminuição na disponibilidade de água nos próximos anos. É o que apontou a primeira Consulta Pública sobre cenários futuros para revisão do Plano das Bacias PCJ, realizada no último dia 5 de outubro, na Unesp, em Rio Claro. Os técnicos que participaram da Consulta indicaram que a demanda por água na região deverá passar das projeções atuais de 39,40 metros cúbicos por segundo para 63 m³/s em 2035. Como não há perspectiva de aumento de novas fontes de abastecimento, esse cenário se configura de redução da disponibilidade hídrica para as Bacias PCJ, avalia o Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ.
Dentro dessa perspectiva, os técnicos que estão realizando os estudos da revisão do Plano das Bacias PCJ apontaram ainda que a situação mais crítica se dará na sub-bacia do Rio Jundiaí. Representando o Consórcio PCJ, compareceu à reunião o assessor técnico da entidade, engenheiro Flávio Forti Stenico, que destacou diante desse cenário futuro a importância da construção dos reservatórios em Amparo e Pedreira e defendeu que sejam efetuados esforços para a viabilização do reservatório do Ribeirão Piraí, em Salto. Todos os três reservatórios constam no Plano de Bacias PCJ e são essenciais para o futuro da região.
As barragens de Amparo, Pedreira e do Piraí fazem parte do planejamento do Consórcio PCJ desde 1992, quando em parceria com o DAEE e os municípios associados naquela época elaboraram o Plano diretor de Captação e Produção de Água das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, que citava a importância de construção desses reservatórios, entre outros para a garantia hídrica das Bacias PCJ.
O reservatório do Ribeirão Piraí, avalia o Consórcio PCJ, é de extrema importância para a região de Salto e Indaiatuba, além de atender ao crescimento da demanda de água por conta da perspectiva de aumento das operações do Aeroporto Internacional de Viracopos e crescimento populacional da Região Metropolitana de Campinas, estimado em 5%.
O assessor técnico do Consórcio PCJ indagou “se na atualização do Plano de Bacias será dado igual enfoque à importância do reservatório do Piraí assim como está sendo feito com os de Amparo e Pedreira, haja vista que o reservatório do Piraí também já possui o projeto executivo com o barramento, escada de peixes e diques, e boa parte das desapropriações concluídas. Atualmente estão aguardando a autorização da CETESB para a Licença de Instalação”, disse Stenico.
Em virtude da solicitação do Consórcio PCJ, os técnicos da empresa responsável pela revisão do Plano de Bacias atentaram que na fase 2 dos estudos, prevista para ocorrer em 2018, serão inseridas as discussões sobre o Reservatório do Piraí dentro do tema “Garantias para o Suprimento Hídrico”.
O encontro em Rio Claro faz parte da programação da Agência das Bacias PCJ e dos Comitês PCJ em promover consultas públicas para discutir cenários futuros para revisão do Plano das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí 2010 a 2020. No dia 6 de outubro também aconteceu o mesmo encontro em Bragança Paulista.
A escolha de duas cidades para sediar as consultas públicas foi para facilitar a participação dos diversos segmentos da sociedade nessa importante discussão. Os dois eventos são para discutir questões referentes ao capítulo de prognóstico, que é constituído por estudos com cenários futuros para os recursos hídricos da região.
Os estudos e diálogos para a revisão do Plano de Bacias já vêm sendo realizados pela Agência e Comitês PCJ desde 2015. No ano passado, através de licitação, foi contratado o consórcio Profill-Rhama, de Porto Alegre (RS), para a execução técnica do trabalho.
O Plano de Bacias, nota o Consórcio PCJ, é um instrumento de gestão de recursos hídricos que identifica a “agenda” de programas e projetos necessários à recuperação e conservação dos recursos hídricos da bacia hidrográfica. O plano vigente para as Bacias PCJ foi elaborado em 2010 e precisa ser atualizado, complementa a organização.