No último sábado, dia 25 de agosto, aconteceu a abertura do 45º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, com a mostra principal, cartuns, charges, caricaturas, tiras e quadrinhos, além da temática do Assédio. Entre os trabalhos selecionados, nota-se uma participação maior de mulheres, em todas as categorias.
Uma curiosidade foi a participação de Júlia Teles, 13 anos, mulher, criança ainda, a mais nova selecionada para o Salão. Também se destaca Rosana Amorim, com suas caricaturas em escultura, que se vale dos mais diversos materiais para suas criações.
Apesar dessa maior representatividade feminina, em um salão de humor tão prestigiado, ser um marco na história do humor gráfico, a adesão ainda é baixa, a seleção é difícil e a premiação quase impossível. Note-se que há dois anos nenhuma mulher leva um prêmio em Piracicaba e o mesmo se repete pelos salões de humor mundo afora.
No entanto, no ano em que comemora 45 anos de sua fundação, o Salão Internacional de Humor de Piracicaba mostra mais uma vez seu papel de vanguarda. Fundada em 1974, no auge da ditadura militar, lutando por liberdade de expressão, hoje, o salão mostra suas intenções na questão do papel da mulher, com duas mostras paralelas dedicadas ao humor feminino:
“Nasrin Sheyki”, na Casa do Povoador. Uma seleção de caricaturas da artista iraniana, premiada em diversos países e que hoje vive nos Estados Unidos. Seu trabalho apresenta um novo estilo de caricatura, sendo que os elementos comuns, como papéis reciclados e cartões, reúnem-se em uma composição artística carregada com simbolismo.
A outra mostra que que merece destaque é “Mulheres Pelo Mundo”, no Armazém 14 do Parque do Engenho, junto com a exposição principal. Essa mostra reúne trabalhos de artistas de grande sucesso mundial, Pryscila Vieira, do Brasil, Synnöve Hilkner, Finlândia/Brasil, Cristina Sampaio, de Portugal, Maria Luziano, do Brasil, Nani Mosquera, da Espanha, Elena Ospina, da Colômbia, Ciça, do Brasil, Toshiko Nishida, do Japão e Marilena Nardi, da Itália. A mostra também homenageia Rian, a Nair de Teffé, primeira caricaturista do Brasil e Hilde Weber, cartunista de grande destaque nos anos 60 e 70. O intuito é apresentar o olhar feminino no humor gráfico, pelo mundo.
Nós, mulheres, ainda temos um longo caminho para conseguir a tal igualdade, mas como me confidenciou a Ciça, que por muitos anos publicou suas tirinhas em jornais de destaque: “Antigamente, em uma reunião de cartunistas, se eu estava presente, como única representante feminina, achavam que eu provavelmente era a secretária”.
Mais fotos da mostra “Mulheres Pelo Mundo”: