Texto Marta Avancini / Fotos Martinho Caires
Patrícia Torres dirige o Instituto Educacional Dona Carminha. Localizado na Vila Lemos, próximo a uma região de alta vulnerabilidade social, a instituição atende a crianças de 0 a 6 anos, oferecendo serviços de creche e de educação infantil.
Fundado há 42 anos, o Dona Carminha foi criado como uma escola especial voltada ao atendimento de surdos. Com o avanço da inclusão das crianças com deficiência nas escolas comuns, o Dona Carminha perdeu, progressivamente, seus alunos e esteve à beira de fechar as portas no final dos anos 2000.
Naquela época, Patrícia trabalhava na instituição e, diante do risco do encerramento das atividades, assumiu frente à diretoria, o desafio de implantar uma creche. Apesar de algumas resistências, a ideia foi adiante, graças à determinação de Patrícia e da equipe do Dona Carminha, que se uniu a ela.
Dos 60 alunos matriculados no ano letivo de 2011, quando o Dona Carminha iniciou as atividades como creche, a entidade atende, atualmente, 480 crianças em período integral.
Ao iniciar as atividades como creche, Patrícia explica, em tom de brincadeira (mas, na verdade, falando muito sério), que o Dona Carminha pratica a “inclusão ao contrário”, pois passou da condição de uma entidade exclusiva de surdos para o atendimento de toda e qualquer criança.
Yasmim Teodoro Alves dos Santos, 5 anos, é irmã de Beatriz Teodoro Alves dos Santos, 9 anos. Beatriz é surda e passou seus primeiros anos de vida sob os cuidados do Instituto Educacional Dona Carminha. Chegada a idade de ir para o ensino fundamental, Beatriz mudou para outra escola, porém continua frequentando o serviço de Atendimento Educacional Especializado (AEE) no Dona Carminha. O serviço é oferecido por meio de um convênio com a Prefeitura Municipal de Campinas.
“As crianças vêm aqui para brincar. A educação infantil tem de ser basear no brincar”, defende Patrícia Torres, diretora do Instituto Educacional Dona Carminha. A instituição adota metodologias baseadas na abordagem Pikler, criadas pela pediatra húngara Emmi Pikler, no contexto do fim da Segunda Guerra Mundial, embasado no cuidado com a saúde física e no respeito à individualidade e no desenvolvimento da autonomia da criança Assim, as crianças passam boa parte do tempo ao ar livre em brincadeiras com elementos da natureza ou em atividades e projetos desencadeados por seus desejos e interesses, sob orientação de professores e monitores.