Em comunicado oficial desta terça-feira, 2 de dezembro, a Agência Nacional de Águas (ANA) faz duras críticas à Sabesp, gestora do Sistema Cantareira. Temendo o esvaziamento dos reservatórios, o que levaria a uma crise hídrica ainda mais perigosa em 2015, a ANA também estabelece limites para a retirada de água em dezembro do Cantareira, que abastece metade da Grande São Paulo. Enquanto isso, o volume do Cantareira continua caindo perigosamente, tendo atingido 8,4% nesta quarta-feira, 3 de dezembro.
O comunicado sobre a limitação da retirada de água é assinado pelo presidente da ANA, Vicente Andreu, e pelo superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo, Alceu Segamarchi Júnior. O comunicado com críticas à Sabesp é assinado apenas por Andreu e dirigido ao DAEE, responsável pelas outorgas de água estaduais em território paulista.
De acordo com o comunicado conjunto ANA-DAEE, o limite superior de retirada de águas do Cantareira para a Grande São Paulo em dezembro deverá ser de 30 milhões de metros cúbicos. Por outro lado, a vazão média para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde está a Região Metropolitana de Campinas, é de 3 metros cúbicos por segundo, sendo 1 metro cúbico por segundo para cada um dos aproveitamos, Jaguari-Jacareí, Cachoeira e Atibainha.
A meta de volume disponível, a ser observado em 31 de dezembro, é de 53,3 milhões de metros cúbicos. Desde maio deste ano está sendo usado o chamado Volume Morto do Sistema Cantareira. O propósito da ANA é que os reservatórios do Cantareira não cheguem muito baixos no início de 2015. De qualquer modo, os especialistas têm afirmado que, sem chuvas razoáveis entre dezembro e janeiro de 2015 na região do Cantareira, a crise hídrica pode se transformar em catástrofe no próximo ano.
Críticas à Sabesp – No comunicado ao DAEE, a ANA manifesta a sua “preocupação quanto ao planejamento da operação do Sistema (Cantareira) pela Sabesp que, em desacordo com o recomendado pela ANA, utilizou previsões de vazões afluentes ao Sistema Equivalente muito acima daquelas efetivamente verificadas em outubro e novembro”>
A ANA observa que, no estudo denominado Projeção de Demanda do Sistema Cantareira, foram usadas previsões de vazões no Sistema de 15,4 e 23,7 metros cúbicos por segundo para outubro e novembro de 2014, enquanto, na realidade, as vazões verificadas foram de 4,0 e 6,0 metros cúbicos por segundo, respectivamente. Na prática isso significou “uma diferença de volume de 76.6 milhões de metros cúbicos a menos do que foi planejado pela Sabesp”.
A ANA reforça então “a necessidade de que a Sabesp utilize previsões conservadoras de vazões afluentes ao Sistema, promovendo ajustes periódicos para torar os valores previstos mais condizentes com as vazões afluentes efetivamente verificadas”. De novo a ANA alerta para a meta mínima a ser garantida em 30 de abril de 2015, de 10% do volume útil original do Sistema Cantareira.