POR EDUARDO GREGORI
O calor já deu seus primeiros suspiros em 2019. Os dias começam a ficar com médias de 28 graus. No Algarve já deu praia e Lisboa está cada vez mais cheia de turistas que se acotovelam pelos pontos turísticos. O governo lançou um plano de contingência para um verão que está sendo esperado como o mais quente de todos os tempos. Só para lembrar, no ano passado a temperatura chegou aos 45 graus. Há uma certa preocupação no ar. O ano foi de pouca chuva e o incêndio de Pedrógão Grande ainda traz lembranças perturbadoras.
Apesar do que pode acontecer, é impossível não se apaixonar por Lisboa nessa época do ano. Não sou do tipo religioso, mas posso dizer que é uma benção viver por aqui, especialmente quando o sol e o calor ganham mais força. O Tejo já está salpicado de embarcações de todos os tipos, de pequenos veleiros a gigantescos cruzeiros. Tenho alguns minutos para esperar o fretado e faço questão de sentar-me na pequena praça no Cais do Sodré para apreciar o suave singrar das embarcações.
A sensação é de liberdade. Imagino-me passeando pelo rio com o vento a bater no rosto e o sol castigando sem dó. O clima que quem passa pelo cais é de felicidade. Esse ano vou fazer esse passeio, que custa em média 15 euros.
Hoje, domingo, é meu dia de folga então posso ficar no cais quanto tempo quiser. Entro na estação e me delicio primeiro com um cafezinho e depois com um gelado de limão. Nada como um sorvete de fruta tropical para lembrar do Brasil. Atravesso a rua e entro no Mercado da Ribeira. O dia pede um mojito e tremoços para degustar. Pela janela vejo o vai e vem de turistas e de toda a gente que passa seja para curtir o dia gostoso ou para trabalhar.
No fim da tarde subo até o Bairro Alto. As ruas estão pipocando de gente, que ainda não sabem onde vão jantar, mas que procuram mesmo é algo refrescante para abrandar o calor. Bebo vinho verde estupidamente gelado. Ouço um, dois, três fados. Embarco em um prato de bacalhau.
Na volta para casa, já lá pelas 10h da noite Lisboa ainda está cheia de vida. A Rua Augusta parece um shopping campineiro em véspera de Natal. O mesmo acontece na Praça do Comércio até a margem do Tejo onde uma banda brasileira destrói um clássico do rock em verão pagode.
Se pudessem, as pessoas segurariam este dia até o infinito. Eu também, claro. Mas teremos outros dias iguais ao de hoje ou ainda melhores. Pego o barco e vou embora porque amanhã é dia de queimar as calorias com minha bicicleta, do outro lado da margem.