O Índice Global de Escravidão (The Global Slavery Index), publicado anualmente pela Fundação Walk Free, estimou em 2018 que o Brasil teria 370 mil cidadãos na situação de escravidão tradicional ou “moderna”. Pois a escravidão contemporânea é justamente o tema de evento nesta sexa-feira, dia 11 de outubro, a partir das 8h30, no Plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região/TRT-15 (Rua Barão de Jaguara, 901, 3º Andar), com entrada gratuita.
O Simpósio “Trabalho Escravo Contemporâneo” é uma promoção do TRT-15, por meio da Escola Judicial da Corte e do Comitê de Erradicação do Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Discriminação. As inscrições podem ser feitas no portal do Tribunal: https://portal.trt15.jus.br.
De acordo com os organizadores, o simpósio tem o o objetivo de “discutir os principais elementos que caracterizam o trabalho análogo à escravidão na atualidade e apontar alternativas para o combate dessa chaga social”. Como convidados, estarão presentes o jornalista Leonardo Sakamoto, da ong Repórter Brasil, e o professor Ricardo Rezende Figueira, doutor em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-doutorado pelo Instituto de Derechos Humanos Bartolomé de las Casas da Universidad Carlos III de Madrid.
Figueira abre os trabalhos da manhã com o tema Trabalho Escravo e Discriminação: Trajetória e Atualidade, em mesa presidida pelo desembargador Lorival Ferreira dos Santos, que integra o Comitê de Erradicação do Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Discriminação do TRT-15. Por sua vez, o jornalista Leonardo Sakamoto, que é formado pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em Ciência Política, e fundador em 2001 da ong Repórter Brasil, vai abordar o tema Trabalho Escravo no Sistema Produtivo.
“Temos um cenário de desigualdade social e pobreza que produz o trabalho escravo. Onde há precariedade há maior possibilidade de aliciamento para o trabalho escravo”, afirmou Ricardo Rezende para a Agência Social de Notícias em julho de 2018, para a reportagem “Aos 70 anos, Declaração Universal dos Direitos Humanos é desrespeitada todos os dias no Brasil” (
aqui).
“A escravidão não continua a existir apenas no Brasil. Está presente na África, na Ásia, também por questões econômicas e ecológicas, por deslocamentos forçados que colocam a pessoa em situação de vulnerabilidade. E a escravidão existe porque é sempre do outro que se trata. É o estrangeiro absoluto, na definição do antropólogo Claude Meillasoux”, comentou.