Abril é o mais cruel dos meses, escreveu T.S.Eliot (1888-1965) em seu grande “A Terra Desolada” (“The Waste Land”), poema de 1922 obviamente formulado sob o impacto da Primeira Guerra Mundial e que é um marco da literatura do século 20. O verso é infelizmente um prenúncio para o tenebroso abril de 2020, continuação dos tenebrosos janeiro, fevereiro e março deste ano.
Por todo lado, dor, mobilização e confinamento. Lugares históricos vazios, territórios que representam as conquistas civilizatórias sem sinal de presença humana. O maior desafio coletivo, os pilares que a humanidade ergueu em risco.
Mas também a esperança, a solidariedade, os sentimentos mais nobres aflorando. E a natureza se mostrando, cidades desertas sem poluição.
Em Campinas, ruas e avenidas sem ninguém, tristes. Mas dias e noites de céu limpo. E de sol e lua deslumbrantes, lembrando que a vida continua e nos dando algum acalanto e crença de que dias melhores logo virão, se todos estiverem juntos.