Ela cuidava de crianças quando, há onze anos, descobriu que tinha câncer e, desde então, procurou transformar seu projeto de vida. Curada, passou a fazer artesanato com material reciclado – bolsas em diversos formatos, porta-moeda, chaveiros, entre outros objetos. Maria do Carmo Costa Rhis, a Cacau, é uma das expositoras da edição especial de fim de ano da Feira de Artesanato do Centro de Convivência Cultural, no coração do Cambuí, em Campinas. Sua trajetória é mais uma comprovação de como os objetos do desejo comercializados na Feira são mais do que arte ou utensílios para o dia a dia: cada um deles carrega uma história de vida.
Cacau é natural de Teófilo Otoni, Nordeste de Minas Gerais. Como tinha muitos parentes em Campinas, resolveu mudar para a cidade, há 14 anos. “Gosto muito da agitação, não gosto de cidade muito parada”, ela afirma. Viajava de vez em quando para a cidade natal, mas volta logo. Gosta muito de ir a São Paulo, onde encontra muitos materiais que utiliza na confecção de suas peças.
Muitas cores presentes, mas o azul é predominante. “É minha cor preferida, é alegre, me deixa feliz e quero ver os outros felizes também”, ela explica. Descobriu o talento durante o processo de cura. Começou pintando em tecido e logo descobriu as bolsas e outros objetos, sempre reutilizando materiais.
Ela diz que nunca havia costurado, mas admite que pode ter uma herança familiar nesse dom. A sua avó, Ana Milda, sempre fez muita roupa em Teófilo Otoni. “Ela vestia todo mundo na redondeza”, conta.
Cacau expõe regularmente na feira da Praça Bento Quirino, em frente à Igreja do Carmo, local de nascimento de Campinas, em 14 de julho de 1774. Duas vezes por mês expõe como visitante na Feira do Centro de Convivência, que ela também gosta muito. “Faço amizades, é uma terapia e é geração de renda”, ela diz, resumindo a sua participação na feira. Cacau reinventou a vida, com uma decisiva contribuição da arte como recurso de luta. (Por José Pedro Martins)