Por Eduardo Gregori
Enquanto as notícias do Brasil chegam pela TV e pelos sites, ficamos apreensivos. Esta semana Portugal registrou uma média de 5 mortos por covid-19 por dia e só agora os shoppings na Grande Lisboa reabriram. As filas foram inevitáveis e também as críticas de quem se arriscou a ficar mais de uma hora à espera de entrar em uma loja.
A diretora da Direção Geral de Saúde (DGS), Graças Freitas (me lembra sempre aquela presidente da Petrobras) foi à TV dizer que nada é estático na política contra a pandemia em Portugal. Os números de novos casos em sua maioria são da Grande Lisboa. Não seria diferente, pois a maior cidade de Portugal é um aglomerado de gente. Mas se caminharmos para uma segunda onda, antes disso tenho a certeza que seremos confinados outra vez.
Após uma semana da reabertura das academias decidi ir. Confesso que fui tenso e com um certo medo. O contato com outras pessoas muito próximas me impedia de ir, mas fui. As academias desenvolveram aplicativos para exibir em tempo real a taxa de ocupação. O máximo é de 50%, então escolhi um horário bem ao meio da tarde em que a ocupação fosse menor a 20%.
Para minha surpresa correu tudo como deve de ser. Máscara e gel na entrada. Nos vestiários um espaço de 5 a 10 lockers para garantir que uma pessoa não fique próxima da outra na hora de trocar de roupa. Muita limpeza geral e também instrutores a nos ensinar a desinfectar cada aparelho após o uso.
Já na principal sala da academia, antes sempre lotada, agora pouco mais de 30 pessoas e cada uma bem longe da outra. O espaço de halteres e outros pesos sempre foi o mais concorrido, mas incrivelmente estava tranquilo. Preferi treinar mais distante e quando surgiu a oportunidade de ir até os halteres fui e treinei com tranquilidade.
Não quis ir ao shopping que fica bem ao lado da academia. Eu tinha algumas coisas para comprar, mas como não eram de primeira necessidade, deixei para um outro momento. A semana marcou também a reabertura das termas, lugar preferido principalmente pela população idosa. Tratamentos nas águas, vapores e outras terapias foram liberadas. Tudo seguindo também as diretrizes da DGS.
Parece que estamos já nesta nova normalidade, mas na verdade ainda falta um setor que dá vida a Lisboa: os bares e discotecas. Ainda não há previsão para que reabram. O Primeiro-Ministro António Costa foi categórico ao dizer que não existe a possibilidade de distanciamento social em um clube noturno e por isso ainda estuda-se como será o processo de reabertura.
Enquanto isso, os donos destes estabelecimentos falam à imprensa que provavelmente não irão mais funcionar. Não há mais sustentação econômica para que muitas casas noturnas e bares mantenham a esperança de voltar. No Bairro Alto, reduto da boemia com seus restaurantes, bares e fadistas, muitos pensam em fechar as portas definitivamente. Os turistas não estão chegando e os portugueses seguem em casa, principalmente à noite.
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa surpreendeu a dar uma aula na televisão. Destinada às crianças e adolescentes, Marcelo, que foi professor, falou da tristeza em ter recebido seu filho, que vive no Brasil e não poder abraçá-lo. Frisou a importância do distanciamento social e também do respeito que se deve ter no cumprimento das instruções da DGS. O momento mais surpreendente foi quando revelou que ao se despedir do filho, não resistiram e deram um longo abraço. Pediu desculpas à nação pelo ato.
Estamos dando passos. Uns acham que em ritmo muito lento, incapazes de salvar setores como os restaurantes, bares e discotecas. Outros acham que estamos indo rápido demais e que isso pode não correr bem. O certo é que estamos tateando no escuro, dando um passo para frente e tentando prever o que vem a seguir.
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