Maria Cecília Campos
Temos grandes desafios para Campinas nos próximos anos e quem conhece a nossa história está invocando o espírito da Fênix, ave que é o símbolo da superação do passado de febre amarela. Para ressurgirmos da crise econômica causada pela pandemia será necessário garra, força e criatividade, características inerentes aos seres humanos. Temos a possibilidade hoje de potencializar as ideias por meio do uso da tecnologia e usar a garra e a força com comportamento empreendedor, mistura importante para gerar valor econômico e social para a transformação das cidades.
O desenvolvimento de setores da economia criativa, junto com os valores da sustentabilidade, formam um conjunto de políticas do século XXI que, se estudadas, compreendidas e aplicadas, podem ser importantes alternativas de saída da crise econômica com alto nível de mobilização entre os diferentes atores do cenário urbano. Algumas metrópoles do Brasil e do mundo já vêm desenvolvendo essas políticas, causando impactos nos seus territórios, sabendo como compor articulação de forma transversal, promovendo os três elementos de uma cidade criativa: conexões, cultura e inovação. Alguns exemplos no Brasil são Curitiba, Florianópolis e Santos. Exemplos internacionais são Londres, Barcelona, Medellín e Lisboa, entre outros.
A economia criativa é uma forma de agrupar diversos setores econômicos, com uma proposta de identificar a criatividade como ponto comum e que gera valor. Porém, a diversidade das áreas se torna um desafio para as políticas públicas, porque envolve mais de uma pasta das administrações municipais. Outro grande desafio é propor programas que estejam alinhados aos valores da sustentabilidade: economicamente viáveis, socialmente justos, ecologicamente corretos e culturalmente diversos.
Campinas é uma cidade criativa, um polo tecnológico e cultural, que está projetada em diversos rankings nacionais e frequentemente recebe prêmios ligados ao seu destaque econômico e tecnológico. Algumas políticas públicas da área de tecnologia e inovação buscam qualificar as cidades como inteligentes, humanas e sustentáveis, com os cidadãos e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) também em destaque.
É muito importante a população saber que vive numa cidade criativa e inovadora e se sentir parte dela, para ser participativa dos processos, ter a percepção disso e saber usufruir dos serviços que o local oferece. Este é mais um grande desafio, que não é exclusivo de Campinas, mas de todas as metrópoles: como fazer a informação chegar aos cidadãos de forma rápida e objetiva.
Maria Cecília Campos é economista com especialização em Sustentabilidade. Atua com programas para inclusão e popularização da tecnologia. É uma das idealizadoras do Movimento Campinas Criativa