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DOIS ELEFANTES

DOIS ELEFANTES

Por Cacalo Fernandes

Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais! Assim é a vida do elefante. Não é fácil.

A existência de dois elefantes é imaginar longe. Se colocarmos um sobre o outro – e eles conseguirem se equilibrar -, teremos um elefante gigante a ver navios. Quero dizer, um deles. O outro estaria meio cego e atrapalhado pelo corpo do outro.

A vida de dois elefantes, um sobre o outro, seria um escândalo. Pra começar, nenhum dos dois poderia ser muito mais gordo do que o outro. O equilíbrio seria fundamental para não haver queda sem querer.

Um elefante sobre outro seria um desafio. Um deles teria de escancarar as pernas para encaixar o corpo do outro. Simples. A vida de elefante é difícil. Mas basta ser cuidadoso.

O Leopoldo, o elefante do alto, diante do que está vendo no mundo lá de cima, resolveu coçar o saco e colocar a dupla em risco. Mas foi prudente, e tudo ficou seguro.

O Fabrício, o elefante de baixo, pensou: “Ainda tenho que aguentar este bicho fazer gracinha”? Não bastava, segundo ele, “ter de aguentar aquele monstro nas costas como admitir que a vida nem sempre é uma porção de rosas”.

Leopoldo estava pouco se lixando para a folga de Fabrício. Decidiu mudar o ambiente. Deu uma sacudida que fez o elefante da parte superior se agarrar nas costas de Fabrício como se o mundo fosse terminar. Era um sinal que nem tudo era uma doçura.

Fabricio concluiu que a vida tinha lá seus truques. E deixou o tempo correr para os ânimos se acalmarem. Isto deveria ser leve para o clima abaixar com clareza. Sabia o quanto a vida precisaria disso.

De fato, era o que desejava. Queria ser dócil! Estava pouco se lixando para as ousadias de Fabrício! Queria jogo e nada mais. A vida estava cheia de certezas! Ser cuidadoso tinha como objetivo conquistar a primeira posição? A segunda posição era um escracho. Queria o primeiro lugar. Liderar o ranking era o que Leopoldo desejava.

Esta era a visão de Leopoldo. Partiu pra cima. Leopoldo logo chegou ao ápice. E dali não queria sair. Colocou o bundão no meio do caminho. Daquele lugar não sairia mais. Fabrício tentou tirar aquele corpo da frente. Mas não encontrou forças. Era o fim da linha.

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Cacalo Fernandes

Sobre Cacalo Fernandes

Ser paulistano foi o início de uma história de quem certo dia decidiu ser um escrevinhador. Mas quando a calça deixou de ser curta, lá no início, ajudou a construir esse lado que um dia pareceu esquisito. E hoje acho que não poderia ser outro.