Uma reflexão muito propícia em tempos de crise hídrica histórica em São Paulo. Nesta segunda-feira, 9 de março, às 19 horas, dentro do Ciclo CinEducador@, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas sedia a exibição de “También la lluvia”, (“Conflito das Águas” / “Até a Chuva”), dirigido por Icíar Bollaín.
O filme narra a história de Costa (interpretado por Luis Tosar), um cético e pragmático produtor de cinema, e Sebastián (Gael García Bernal), jovem e idealista diretor. Os personagens de perfis opostos trabalham juntos em um projeto ambicioso: contar no cinema a saga de Cristóvão Colombo e a chegada dos espanhóis na América.
Mas enquanto Sebastián projeta recontar a história do mito Colombo, apresentando-o como um homem obcecado pelo ouro, caçador de escravos e repressor dos índios, a Costa importa somente rodar o filme com o modesto orçamento que dispõe, nem que para isso seja necessário filmar na Bolívia, um dos países mais baratos e com uma grande população indígena.
A equipe segue então para Cochabamba, onde a privatização e venda de todo o sistema hídrico a uma multinacional provocou o descontentamento da população. As filmagens seguem com dificuldade, ao mesmo tempo em que cresce a violência na cidade. É quando explode a Guerra Boliviana da Água, ocorrida de fato em abril de 2000.
A Bolívia chegou a entrar em estado de sítio em função do conflito. Depois de muitos protestos populares, o governo cancelou a privatização. A Prefeitura de Cochabamba voltou a assumir o serviço de abastecimento de água. A Lei 2029, estipulando a privatização dos recursos hídricos no país, foi abolida.
Reflexão importante neste momento em que a crise hídrica no país abre espaço para propostas de maior presença do setor privado na gestão do saneamento.