A Prefeitura de Campinas divulgou nesta segunda-feira, 27 de abril, o novo levantamento da população em situação de rua no município, que constatou um declínio de 12% em relação aos últimos números divulgados, em 2014. Eram 642 pessoas em situação de rua no levantamento anterior e, agora, são 563, considerando os dados do último semestre de 2014. A secretária municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, Jane Valente, destacou a abertura de novos serviços para a população de rua, reforçando a “cultura de humanização”. Mas permanecem muitos desafios, como aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, maior causa que tem levado muitos cidadãos à situação de rua, onde em muitos locais ainda sofrem de preconceitos.
A secretária explicou que as 79 pessoas a menos na população de rua em Campinas incluem as 27 que a Prefeitura considera não estarem mais nessa condição, na medida em que já estão praticamente estabilizadas nos serviços de acolhimento. Das 563 pessoas atualmente em situação de rua em Campinas, de acordo com o mais recente levantamento, 229 transitam pelas ruas, embora já tenham algum acolhimento.
“Sabemos que os desafios existem, mas esta gestão está fazendo tudo para um trabalho humanizado em relação à população de rua”, garantiu a secretária. Do total de pessoas em situação de rua, 415 – ou cerca de 60% – são considerados moradores de Campinas, na medida em que estão pelo menos há dois anos no município. O número de nascidos em Campinas e que estão em situação de rua é de 115, de acordo com o levantamento oficial. Em termos de origem, aparecem em seguida outras cidades de São Paulo e os estados de Minas Gerais, Bahia e Paraná.
Nesse aspecto, a secretária Jane Valente pontuou que o trabalho feito pelo Município resultou no “recâmbio” de 227 pessoas para seus locais de origem no semestre passado. “Não é exercida mais, como antigamente, a prática de ser passagens para as pessoas voltarem a suas cidades de origem. Agora é feito um trabalho direto com os municípios, de modo que seja verificada a sua situação social e familiar e outros aspectos”, citou, observando que existe um protocolo de atendimento à população em situação de rua na Região Metropolitana de Campinas (RMC), na linha do “trabalho em rede entre os 20 municípios”.
As regiões do município onde há maior prevalência da população em situação de rua, segundo o levantamento da Prefeitura, são o centro (incluído na Região Leste), com a maioria dos casos, e em seguida o eixo entre a Rodoviária e o Boa Vista na Região Norte, o Paranapanema na Região Sul e as áreas próximas aos terminais do Ouro Verde e Campo Grande, respectivamente nas regiões Sudoeste e Noroeste.
Cerca de 70% dos moradores de rua declararam fazer uso de álcool. Outras substâncias psicoativas também são usadas. “Por isso o trabalho deve ser em rede, intersetorial, envolvendo por exemplo a área da saúde”, salientou a titular da Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social.
A imensa maioria dos moradores de rua tem entre 20 e 59 anos e 85% são homens. A secretária Jane Valente salientou que “o município tem grande preocupação com as mulheres em situação de rua, pois enfrentam questões específicas complexas, como eventual gravidez e questões de saúde”. Ela destacou, nesse sentido, a inauguração de uma casa-abrigo para mulheres, em parceria com a Cáritas Arquidiocesana, como um dos novos serviços à disposição da população em situação de rua.
Uma Casa do Idoso e da Idosa e o Renascer, estruturado em parceria com a obra social do padre Haroldo Rahm, são outros serviços inaugurados nesta gestão que atendem pessoas em situação de rua, acrescentou a secretária. Ela citou ainda os dois Centro Pops, que funcionam nas ruas Regente Feijó e José Paulino.
As unidades contam com recepção com bagageiro, sala de atendimento psicossocial, sala de reunião, classe da Fundação Municipal para Educação Comunitária (Fumec), classe de inclusão digital, refeitório, espaço para higienização pessoal e de roupas, reuniões socioeducativas e assembleias. Nos Centros Pops, é viabilizada a inserção dos cidadãos em situação de rua no cadastro único para programas sociais e nos benefícios sociais, inclusive o benefício de prestação continuada.
Centro Pop é o nome popular para o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, que faz parte da Proteção Social Especial de Média Complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A inauguração da Casa da Cidadania irá reforçar a rede de atendimento à população em situação de rua, acredita a secretária municipal.
A secretária Jane Valente assegura que a Prefeitura busca manter diálogo permanente com o Fórum da População em Situação de Rua de Campinas. A casa-abrigo Santa Clara, destinada a mulheres, era uma demanda do próprio Fórum da População em Situação de Rua de Campinas, indicou a secretária.