Araponga, seriema, guaxo, pássaro campana e pássaro tiuí. Os sons do Mato Grosso, as vozes da biodiversidade do Pantanal, estão sempre presentes nas apresentações do violeiro Milton Araújo, que herdou dos familiares a prática da viola em lá maior, como um tributo ao cancioneiro da região de fronteira. Sobrinho da lendária Helena Meirelles, Milton Araújo é o quinto personagem da série “Infinitos Acordes – Os caminhos da viola caipira”.
Milton foi parceiro por nove anos de Helena, eleita em 1993 pela revista “Guitar Player” como uma das maiores instrumentistas do mundo. Com a tia, o músico aprofundou o saber e o sabor de tocar a legítima viola pantaneira, exaltando os ritmos chamamé, rasqueado e polca, entre outros. E preferencialmente com a afinação rio abaixo, que tem em Milton um de seus principais difusores no Brasil.
O violeiro foi baixista e produtor musical do primeiro CD de Helena Meirelles, lançado pelo selo Eldorado e Sony Music. Milton Araújo carrega a força da cultura popular em sua música e em seu coração.
Ele cultiva há anos uma simpatia da qual não abre mão. Na Sexta-Feira Santa, e apenas na Sexta-Feira Santa, ele mesmo fabrica, debaixo de uma figueira, as palhetas que usa nos shows, feitas de chifre de boi. Milton aprendeu a usar esse tipo de palheta com a tia Helena e o irmão dela, Álvaro Pereira. Assim ele vai disseminando tradição e inovação, com a musicalidade da alma pantaneira.
Infinitos Acordes – Nesta série, a Agência Social de Notícias reproduz o material coletado e produzido pelo Projeto Infinitos Acordes, que documentou em vídeo a obra de oito violeiros com estilos e sotaques distintos, exatamente para espelhar a riqueza multicolorida da música de raiz. Pelos acordes de Levi Ramiro, Julio Santin, Milton Araújo, João Arruda, Zeca Collares, João Paulo Amaral, Paulo Freire, Ricardo Vignini e Zé Helder, é possível trilhar os caminhos da viola caipira em sua essência.
O Projeto Infinitos Acordes é resultado da parceria entre os jornalistas Josiane Giacomini e Adriano Rosa, que também assina as fotos e as filmagens, e o editor e videomaker Filipi do Canto. Foram meses de pesquisa, elaboração de roteiro e gravações, resultando em documentário ainda inédito de 45 minutos que resume um dos mais importantes capítulos do cancioneiro popular brasileiro, o da viola caipira. Do documentário foram desmembrados oito videoclipes com trechos das entrevistas e das músicas que os violeiros apresentaram durante os depoimentos.