Por Adriana Menezes
Na era da banalização da imagem e do instantâneo, o que faz uma foto virar obra de arte?
A pergunta perturbadora é uma das possíveis questões que você vai fazer diante das 18 obras em fineart da exposição fotográfica Forgotten Places (& Alone in the Dark), todas em montagem diasec. Aberta ao público desde ontem, a mostra gratuita pode ser vista até o dia 17 de outubro na Base Casual, em Campinas.
As curadoras Ligia Testa e Livia Doblas fizeram o ‘casamento’ entre dois fotógrafos que nunca se encontraram, a alemã Gaby Ehringshausen e o piracicabano Paulo Altafin. O nome duplo da exposição define o trabalho de cada um. Da Gaby, os espaços inesquecíveis (Forgotten Places); do Paulo, as belezas inesperadas e solitárias na escuridão (Alone in the Dark).
O que há em comum nos trabalhos dos dois fotógrafos é que ambos procuram lugares esquecidos ou pouco conhecidos para colocarem novas cores ou novas luzes sobre eles, utilizando diferentes técnicas e transformando o que poderia ser uma simples fotografia em um trabalho artístico.
Reflexão e sentimento
Paulo Altafin não atribui apenas à técnica o diferencial entre uma foto instantânea e uma foto artística. Ele vê na arte a capacidade de provocar reflexão e sentimento. Fotógrafo profissional há 12 anos, Altafin produz no dia a dia fotos industriais e corporativas. “Faço muitos tratores, usinas de cana-de-açúcar e empresas da região de Piracicaba”, exemplifica. Mas sua paixão pela fotografia o leva a lugares distantes e solitários.
Para a exposição ele escolheu seis de uma série que produziu sobre águas e outras cinco fotos da sua série ‘alone’, feitas em lugares distantes e distintos, como Tatuí (interior de São Paulo), Phoenix (Arizona, EUA), Veneza (Itália), Bolívia, entre outros lugares.
Banalização da imagem
“Nós estamos no mundo da banalização da imagem. Eu busco fotos na natureza que são mais subjetivas, fotos de longa exposição, e faço uma iluminação sobre o destaque, pela técnica light paintings”, explica o fotógrafo. “Eu penso, estudo a foto, espero a hora certa, o sol certo, tudo isso com muita paciência, uma coisa que poucos têm hoje.” Na avaliação de Altafin, as fotos digitais são impacientes e sem reflexão. “As imagens ficam cada vez piores.”
Em sua série Forgotten Places, Gaby Ehringshausen buscou imagens de lugares na Alemanha que caíram no esquecimento, como antigos palácios, edifícios e quartéis que perderam sua função. Para Gaby, os “lugares esquecidos” ainda são maravilhosos e cheios de vida.
A fotógrafa alemã utiliza a técnica HDR, pela qual várias fotos digitais com exposições diferentes são colocadas umas sobre as outras e somadas no computador para produzir uma única imagem. As cores naturais se fortalecem e o cenário ganha uma aura idílica.
A visitação está aberta ao público até 17 de outubro, em horário comercial, na Base Casual, na Av. Dr. Jesuíno Marcondes Machado, 630, Nova Campinas, Campinas – SP.