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Lygia Eluf pinta chão e céu dos “Caminhos de Joaquim” e abre exposição com poesia, música e dança
Desenho em pastel de Lygia Eluf da exposição "Caminhos de Joaquim", que começa no dia 17 de setembro com evento multissensorial no A Cabrita Café, em Joaquim Egídeo (Reprodução: Martinho Caires)

Lygia Eluf pinta chão e céu dos “Caminhos de Joaquim” e abre exposição com poesia, música e dança

Por Adriana Menezes

A ideia começou com uma caminhada. “Eu saía para caminhar todos os dias na trilha”, narra a artista plástica Lygia Eluf, professora da Unicamp que mora há quatro anos em Joaquim Egídeo, Área de Proteção Ambiental (APA) e distrito de Campinas. “Percebi que o chão de terra era cor-de-rosa, depois notei que havia variações e comecei a desenhar o chão.” Durante uma viagem, quando estava fora do seu habitat cercado pela natureza, a artista desviou o olhar para o céu e encontrou o caminho que procurava, produzindo 180 desenhos em pastel, de chão e céu, dos quais 30 foram expostos em São Paulo na Galeria Gravura Brasileira, e onze compõem a exposição “Caminhos de Joaquim”, que será aberta ao público em megaevento no dia 17 de setembro, quinta-feira, a partir das 17h, no A Cabrita Café de Joaquim Egídeo.

A artista plástica Lygia Eluf produziu a série de desenhos abstratos em pastel a partir da observação que fez em suas caminhadas na trilha de Joaquim Egídeo, onde mora há quatro anos: "Eles não reproduzem a imagem, mas a sensação”   (Foto: Martinho Caires)

A artista plástica Lygia Eluf produziu a série de desenhos abstratos em pastel a partir da observação da trilha em suas caminhadas em Joaquim Egídeo, onde mora: “Eles não reproduzem a imagem, mas a sensação” (Foto: Martinho Caires)

Organizado pelas curadoras Ligia Testa, Flávia Pupo Nogueira e Heloisa Cavaleri, o evento reunirá música, dança, poesia e literatura numa só noite. Um verdadeiro Sarau Multissensorial, como definem as curadoras. O projeto foi concebido por Flávia Pupo Nogueira, filha da curadora Lígia Testa e amiga e vizinha da artista Lygia Eluf.

Além da vernissage, acontece no A Cabrita Café o lançamento do livro “República de Campinas”, de José Pedro Soares Martins e Martinho Caires (leia matéria no site da Agência Social de Notícias-ASN); a declamação de poemas de Manoel de Barros por Lisa França, artista e professora de Artes; e a apresentação do duo Katia Kato (oboé) e Zuza Rodrigues (violão), entre outras atrações.

A advogada, curadora e idealizadora da exposição "Caminhos de Joaquim - Toda criança é um artista", Flávia Pupo Nogueira, acredita que para amar e cuidar é preciso estabelecer uma relação com o ambiente  (Foto: Martinho Caires)

A advogada, curadora e idealizadora da exposição “Caminhos de Joaquim – Toda criança é um artista”, Flávia Pupo Nogueira, acredita que para amar e cuidar é preciso estabelecer uma relação com o ambiente (Foto: Martinho Caires)

Para a comunidade

“Eu queria que o pessoal (do distrito) também visse, e comecei a chamar o verdureiro, o jardineiro, os vizinhos”, lembra Lygia sobre suas primeiras pinturas dos caminhos que percorria. Quando mostrou à comunidade, pretendia saber se eles reconheceriam o chão das trilhas de Joaquim. As reações foram diversas, porque os desenhos são abstratos, “não reproduzem a imagem, mas a sensação”, descreve a artista. Foi também juntando os olhares que produziu a série de desenhos. A exposição, aberta até 17 de outubro, reúne nove desenhos de chão e dois com a trilha inteira, céu e chão.

Conversando com a vizinha e amiga Flávia Pupo Nogueira, Lygia Eluf também foi despertada para um trabalho com as crianças, muitas delas já frequentadoras de sua casa, como os seus netos e os filhos da amiga Flávia. “Toda criança é um artista”, dispara Lygia, que é também vencedora de um Prêmio Jabuti de 2009. “Fazia muito tempo que eu não trabalhava com crianças. Na universidade a tendência é ficar mais racional ou mental, porque você precisa explicar e analisar tudo”, afirma Lygia, professora da Unicamp há 35 anos.

O olhar da criança

Assim começou o projeto de educação ambiental com o mesmo nome, “Caminhos de Joaquim – Toda criança é um artista”. “De algum modo, isso transforma o olhar dessas crianças. Elas podem não ter contato permanente com a arte, mas com certeza vão olhar de forma diferente no futuro, porque vão lembrar. Se conseguirmos despertar essa sensibilidade da pessoa, já valeu”, diz Lygia.

A artista e professora Lygia Eluf percorreu a trilha de Joaquim com as crianças, chamando a atenção para as nuances das cores no chão, os raios de luz nas árvores, os reflexos no Ribeirão das Cabras; depois cada uma fez seu desenho (Foto: Martinho Caires)

A artista e professora Lygia Eluf percorreu a trilha de Joaquim com as crianças, destacando as nuances das cores no chão, os raios de luz nas árvores, os reflexos no Ribeirão das Cabras; depois cada uma fez seu desenho (Foto: Martinho Caires)

Além da curadora Flávia e da artista Lygia, também participou da concepção do projeto com as crianças a proprietária do A Cabrita Café, Ana Beatriz Ogg, que inaugurou o café e restaurante recentemente, com uma proposta de consciência ambiental, integrando alimentação saudável com sustentabilidade e arte. Ela trabalha com alimento orgânico, a maior parte dele produzido no próprio distrito, uma das propostas Assuma (Associação para Sustentabilidade e Meio Ambiente de Joaquim Egídeo), com a qual o Café tem parceria. Sandra Marques também participou da execução do projeto “Caminhos de Joaquim” e de outros realizados pela Assuma na comunidade, onde ela nasceu e cresceu e onde vive toda a sua família.

Ana Beatriz Ogg, do A Cabrita Café, também participou da execução do projeto e promove em seu espaço as exposições; café e restaurante utiliza alimento orgânico, a maior parte produzido no distrito  (Foto: Martinho Caires)

Ana Beatriz Ogg, do A Cabrita Café, também participou da execução do projeto e promove em seu espaço as exposições; café e restaurante utiliza alimento orgânico, a maior parte produzido no distrito (Foto: Martinho Caires)

Educação ambiental

“O objetivo do projeto é motivar as crianças a se relacionarem melhor com o ambiente em que vivem, passando a amar e cuidar do lugar”, explica Flávia. Todas as crianças da comunidade local foram convidadas a percorrer os caminhos de Joaquim numa caminhada ao lado da artista Lygia Eluf, onde também ouviram a educadora ambiental e agrônoma Claudia Esmeriz Gusmão, que falou sobre a importância histórica e ambiental da região. “A trilha que conhecemos hoje foi a antiga linha do trem que depois virou a linha do bonde”, destaca Claudia.

No percurso, Lygia analisava o cenário com as crianças, nos detalhes das nuances de cores no chão, dos raios de luz através das copas das árvores, dos reflexos no Ribeirão das Cabras e das sementes e folhagens espalhadas pelo chão. Depois, de volta ao Café, cada uma produziu seus desenhos, que foram expostos no mesmo espaço A Cabrita Café (nome que faz homenagem à antiga Maria Fumaça que percorria o Ramal Férreo Campineiro, no início do século passado).

Noite de apresentações

Versos de Manoel de Barros, lançamento de livro, projeção de filmes, dança e música também vão preencher a noite da vernissage “Caminhos de Joaquim”. A música fica por conta do duo formado por Katia Kato (oboé) e Zuza Rodrigues (violão). Doutora em Música na pós da Unicamp, onde concluiu mestrado e bacharelado em Música, Katia Kato foi oboísta da Orquestra Sinfônica da Unicamp por 16 anos. É docente do curso de licenciatura em música da Faculdade Nazarena do Brasil e desenvolve atividade camerística como oboísta. Zuza Rodrigues é violonista com uma longa trajetória. O duo apresentará obras populares e eruditas, de jazz a bossa nova.

                                                                     

Evento: Sarau Multissensorial – Vernissage “Caminhos de Joaquim” – Lançamento do livro “República de Campinas – Cenas da memória afetiva e política da cidade”

Data: 17.09.2015 – quinta-feira

Horas : das 17h às 23h

Local: A Cabrita Café – Rua Heitor Penteado, 1085 (rua principal de Joaquim Egídio) – Campinas – SP

Foto: Martinho Caires

Foto: Martinho Caires

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