Por Adriana Menezes
Depois de ganhar repercussão em entrevista para uma TV regional, Ivanildo Pereira teve seu talento artístico reconhecido e admirado por um público incontável, muito maior que os poucos amigos para os quais ele mostrava suas pinturas até o mês passado. Era o que ele precisava para ter certeza de que a arte é o caminho que ele deve seguir, ainda que seja uma atividade paralela à sua atual profissão de pedreiro.
Sem nunca ter passado por escolas de artes nem conhecer grandes artistas, seu trabalho – predominantemente figurativo – nos remete ao cubismo, e chega a lembrar artistas como Picasso, Paul Klee, Tarsila do Amaral, Bottero, e outros. Ele tem pouquíssimas influências externas, justamente por não ter ainda muitas referências, o que torna sua arte ainda mais surpreendente.
Até o dia 18 de dezembro, suas peças estão expostas no Ateliê Lisa França, em Sousas, de segunda a sexta das 14h às 18h (veja endereço abaixo), na exposição “Algumas de minhas histórias”. A maior preocupação de Ivan agora é aprender novas técnicas e estilos de pintura, além de definir o seu nome artístico, que por enquanto será Ivan Pereira.
Da roça para a cidade
“Eu achava que as pessoas não iam gostar”, diz o mineiro de Santo Antônio do Jacinto (divisa com a Bahia), que chegou a Campinas em 2003. Em Minas, trabalhava na roça, junto com mais seis irmãos. Alguns se aventuraram na vida urbana e Ivanildo resolveu fazer o mesmo. Começou trabalhando como jardineiro em Campinas; depois foi para a construção civil.
Segundo o artista, hoje com 33 anos, na escola ele aprendeu apenas a ler e escrever, até o 2º ano do Ensino Fundamental, depois parou. Desde criança gostava de fazer bonecos de argila, como se fosse brincadeira. Hoje ele faz pequenas esculturas que impressionam tanto quanto seus desenhos. “As imagens veem da minha imaginação”, diz Ivan, que começou a desenhar há apenas um ano.
A imperfeição
Sobre o seu processo de criação, Ivan diz que quando começa o desenho já sabe o que quer. Começou a fazer desenho em folhas de papel comum, do tipo sulfite, lápis de cor ou grafite. “Gosto de criar um estilo no desenho. Se eu fizer o perfeito, não vai ser interessante.” Estudar são os planos do artista, que pretende dedicar mais tempo de sua vida à arte.
O talento de Ivan foi primeiro percebido pelos chefes da construção onde trabalhava, que observaram a obcessão do pedreiro em desenhar nos intervalos do trabalho. Quis o destino que a artista plástica Valéria Scornaienchi fosse amiga do casal dono da obra. Quando conheceu o trabalho de Ivan, ficou impressionada. Imediatamente buscou doações entre amigos artistas de material para as pinturas de Ivan, também chamado pelos colegas da obra de Negão. Ele recebeu doações de lápis de cor, aquarela, paspatur, tinta óleo e tela.
Depois disso, Valéria decidiu ser curadora de uma exposição de Ivan Pereira, com o objetivo de mostrar a todos a sua arte. Até o dia 18 de dezembro, é possível conhecer ou adquirir desenhos, esculturas e telas de Ivan Pereira no Ateliê Lisa França, em Sousas.
Serviço
Exposição: “Algumas de minhas histórias” de Ivanildo Pereira
Local: Ateliê Lisa França
Rua Monsenhor Dr. Emílio José Salim, 118 / Souzas / Campinas / SP
Período: até 18 de Dezembro
Horário: seg à sex das 14h00 às 18h00 ou com agendamento
Contato: Valéria Scornaienchi // (19)99856-8075 // contato@valeriamenezes.com.br