Campinas, Sorocaba e Rio Claro lideraram os respectivos grupos de cidades com maior incidência de dengue em 2015 no Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde e estão no Boletim Epidemiológico 3 de 2016, que acaba de ser divulgado e abrange até a Semana Epidemiológica 52 do ano passado. O Ministério confirmou que em 2015 o Brasil teve o maior número de casos já registrados de dengue: 1,6 milhão. As informações confirmam que as regiões de Campinas, Sorocaba e Piracicaba, que estão interligadas, estão entre as mais vulneráveis à dengue no país, exigindo a intensificação de medidas preventivas e de combate por parte do poder público e com ativa participação comunitária.
De acordo com o Boletim Epidemiológico, Campinas teve a maior incidência de casos de dengue no grupo de cidades com população acima de 1 milhão de habitantes. A incidência em Campinas foi de 5.766,2 por 100 mil habitantes, ficando Goiânia (GO) em segundo lugar, com 5.246,3/100 mil. Em termos absolutos, Goiânia teve o maior número de casos nessa faixa de cidades, com 74.097 casos. Campinas ficou em segundo lugar, com 66.577 casos. Ainda nesse grupo de cidades, o terceiro lugar em números absolutos e de incidência foi Guarulhos (SP), com distantes – e ainda sim preocupantes – 25.844 casos e 1.969,5/100 mil, sempre segundo o Ministério da Saúde.
No grupo de cidades com população de 500 mil a 999 mil habitantes, Sorocaba liderou, de longe, em termos de números absolutos e relativos, com 56.172 casos e incidência de 8.815,6/100 mil. No grupo de cidades com população de 100 mil a 499 mil, Rio Claro também liderou em números absolutos e relativos, com 21.438 casos e incidência de 10.804,7/100 mil. Limeira e Mogi Guaçu entre as cinco cidades com maior incidência nesse grupo de cidades, com 6.748,4/100 mil e 6.075,4/100 mil, respectivamente.
São dados que comprovam a alta vulnerabilidade à dengue das regiões de Campinas, Sorocaba e Piracicaba. No grupo de cidades com população menor que 100 mil habitantes, ainda aparece Santo Antônio de Posse, na Região Metropolitana de Campinas (RMC), no quinto lugar de maior incidência de casos no Brasil, com 14.272,2/100 mil.
Comitês Regionais contra dengue – A Prefeitura de Campinas tem afirmado estar intensificando as medidas de prevenção e combate à dengue, e também à febre chikungunya e zika, todas transmitidas pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti. No início de novembro de 2015, foram criados os Comitês Regionais de Controle e Combate da Dengue e outras Arboviroses, descentralizando as ações. “A descentralização do combate à dengue deve ampliar a qualidade da resposta do poder público, pois cada lugar de nossa cidade tem suas características próprias e a percepção das realidades locais melhora a identificação e combate ao problema”, afirmou o prefeito Jonas Donizette.
Serão seis comitês regionais – Sul/Sul, Sul/Leste, Noroeste, Sudoeste, Norte e Leste. Os comitês terão atuação intersetorial, reproduzindo o modelo do comitê municipal de dengue, criado em janeiro de 2015.
Segundo a Prefeitura, estão sendo intensificadas medidas no início de 2016, pois historicamente a epidemia de dengue aumenta muito nos primeiros meses de cada ano, atingindo o pico em abril e declinando em seguida. Uma das ações anunciadas é o mutirão de limpeza nos cemitérios públicos, para eliminar criadouros do Aedes aegypti.
Outra ação anunciada no final de 2015 foi a parceria com a ONG Hospitalhaços, de modo a reforçar as medidas preventivas. Esse eixo conta com a parceria entre as secretarias municipal da Saúde e da Cultura e o comitê municipal. “Não vamos mais tentar a conscientização pelo choro, mas pelo riso; a pessoa, sentindo-se menos oprimida por mensagens como ´se você descuidar de criadouros, o mosquito vai te matar`, receberá melhor as orientações. E, lógico, o pessoal da saúde continuará passando as dicas práticas e técnicas”, afirmou na época o secretário municipal da Cultura, Ney Carrasco, idealizador da iniciativa.
Ainda em dezembro, o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas aprovou a ação intermunicipal contra o Aedes aegypti. Em função, entre outros fatores, do crescimento do número de casos de microcefalia em todo país, da circulação do zika vírus na RMC e o fato de Campinas ter aparecido no topo do número de casos de dengue em 2014 e 2015, a Unicamp criou um Grupo de Trabalho (GT) especial dedicado a pesquisar e discutir caminhos de combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A última reunião do GT foi no dia 14 de janeiro. A Universidade também estuda a criação de um laboratório especial para aprofundar pesquisas na área. É mais um sintoma do aumento da preocupação com epidemias em 2016 na RMC.