A reunião reservada na manhã desta segunda-feira, 22 de fevereiro, no gabinete do prefeito Jonas Donizette, era para a busca de um nome de consenso para a presidência do Conselho da Região Metropolitana de Campinas (RMC) em 2016, mas grande parte do encontro foi dedicada à discussão sobre a situação de emergência criada pelo Zika Vírus e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Os mais de 15 prefeitos presentes concluíram que, diante do quadro ainda nebuloso, de informações desencontradas, é urgente o pedido para que a comunidade científica auxilie a RMC sobre a melhor forma de combater o mosquito e prevenir a escalada de doenças que ele dissemina.
“É muito importante a opinião da comunidade científica, para que os recursos existentes sejam aplicados da melhor forma e para que de fato as ações sejam eficientes”, disse o prefeito de Itatiba, João Gualberto Fattori, que se tornou o novo presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC, sucedendo ao prefeito de Campinas, Jonas Donizette.
Fattori informou que serão feitos contatos imediatos com o polo científico instalado na RMC, para agilizar a troca de informações sobre um plano de ação contra o Aedes aegypti e particularmente no caso do Zika Vírus. “Estávamos preocupados com a dengue e chikungunya e aparece um novo vírus, então precisamos ter base científica para agir”, complementou.
A região de Campinas tem sido considerada como estratégica pelas autoridades sanitárias na guerra contra o Aedes aegypti e a microcefalia. O Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia já tinha sido apresentado no último dia 25 de janeiro, na primeira reunião do ano do Conselho de Desenvolvimento da RMC. O Plano Nacional foi exposto pelo secretário-chefe da Casa Militar de São Paulo e coordenador estadual da Defesa Civil, coronel PM José Roberto Rodrigues de Oliveira.
Vários dados reforçam a urgência de uma ação intermunicipal de combate ao Aedes aegypti. Pelo segundo ano consecutivo, em 2015 Campinas esteve no topo de casos de dengue em cidades com mais de 1 milhão de moradores. O Zika Vírus já circula na região.
Em função, entre outros fatores, do crescimento do número de casos de microcefalia em todo país, da circulação do Zika Vírus na RMC e o fato de Campinas ter aparecido no topo do número de casos de dengue em 2014 e 2015, a Unicamp criou um Grupo de Trabalho (GT) especial, que acabou sendo denominado Rede Zika Unicamp, dedicado a pesquisar e discutir caminhos de combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, particularmente o Zika Vírus. A Unicamp integra a Rede Zika do estado, ao lado da USP e Unesp.
Saúde é prioridade – Após a reunião no gabinete de Jonas Donizette, no quarto andar do Palácio dos Jequitibás, o grupo de prefeitos desceu para o Salão Vermelho, onde foi realizado o encontro de eleição do novo presidente do Conselho da RMC e da direção do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano da RMC (Fundocamp).
Um dos critérios utilizados, para a busca de nome de consenso, foi o de que o novo presidente não fosse um prefeito que possa se candidatar à reeleição em outubro de 2016. Por esse critério, o prefeito de Santa Bárbara D´Oeste, Denis Andia, que é o vice-presidente do Conselho da RMC e aspirava à presidência, retirou a candidatura. Andia foi reconduzido à vice-presidência na chapa de Fattori.
Tanto o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, que deixava a presidência, como o novo presidente, João Fattori, acentuaram a saúde “na berlinda” como um dos principais desafios em 2016 na RMC, no momento de grave crise econômica e fiscal e de luta contra a dengue e outras doenças disseminadas pelo Aedes aegypti.
Por estes motivos, Jonas Donizette apontou os avanços do chamado “projeto BID” como um dos principais pontos no seu mandato na presidência da RMC em 2015, ao lado da realização do VIII Fórum Regional de Educação da RMC (que teve mais de 1.500 participantes), encaminhamento do Projeto Sustentabilidade Hídrica da RMC (de recomposição das nascentes de água), obras de mobilidade urbana (projeto de R$ 8,1 milhões do Fundocamp) e, entre outros, das próprias ações de combate ao Aedes, como a aquisição de veículos e equipamentos (projeto de R$ 1,4 milhão do Fundocamp) e mutirão regional contra o mosquito, no final de 2015.
O Projeto BID é como ficou o conjunto de ações em saúde que serão financiadas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de mais de R$ 150 milhões, envolvendo a construção e reforma de Unidades Básicas de Saúde. Somente em Campinas serão sete novas unidades de saúde, além da reforma em outras 12. No total, serão construídas 34 unidades e reformadas outras 39 na RMC.
Além dos desafios na saúde, o novo presidente do Conselho da RMC, João Fattori, aponta a superação da crise econômica como um grande dilema para 2016. “Essa crise não é só do governo federal, cada cidadão deve estar consciente dela e temos que buscar alternativas para agir com determinação e responsabilidade”, afirmou o prefeito de Itatiba, que esteve acompanhado no Salão Vermelho da Prefeitura de Campinas por vereadores e secretários municipais.